Se você dirige um carro que é capaz de se conectar à internet, o fabricante pode estar coletando e vendendo dados com base em seus hábitos de direção para corretores de dados de terceiros, segundo informações da americana Car And Driver. Um relatório do New York Times em março detalhou a prática, e agora uma carta dos senadores norte-americanos Ron Wyden e Edward J. Markey para a Comissão Federal de Comércio explica o caso.
Na carta, Wyden e Markey optaram por se concentrar em três fabricantes: GM, Honda e Hyundai porque os três venderam dados para o corretor de dados Verisk. Por sua vez, a Verisk vendeu os dados para as seguradoras de automóveis, ajudando-os a atribuir pontuações de risco. De acordo com a carta, um dos produtos da empresa, que fechou após o relatório do NYT, classificou os motoristas com hábitos de condução com dados coletados de carros conectados à Internet.
Uma revelação chocante da carta é o quão pouco os fabricantes realmente lucraram com a venda dos dados. Funcionários do escritório do senador Wyden investigaram as três fabricantes e descobriram que Verisk pagou à Honda US$ 25.920 em quatro anos por informações sobre 97 mil carros, totalizando apenas cerca 26 centavos por veículo. A Hyundai recebeu pouco mais de US$ 1 milhão por dados de cerca de 1,7 milhão de carros ao longo de um período de seis anos, totalizando em torno de 61 centavos de dólar por automóvel. A GM não revelou quanto foi pago, de acordo com o senador Wyden, embora um novo relatório do New York Times sugira que a fabricante vendeu informações de mais de 8 milhões de carros.
“As empresas não deveriam estar vendendo dados dos americanos sem o seu consentimento, ponto final”, escreveram os senadores. “Mas é particularmente insultante para as fabricantes que estão vendendo carros por dezenas de milhares de dólares para depois extrair alguns centavos adicionais de lucro com os dados privados dos consumidores”.
A carta também detalha que, embora os clientes da GM e da Honda tenham que optar por seus dados serem compartilhados, Wyden se referiu ao processo como “enganoso”. A Hyundai, por outro lado, confirmou ao escritório de Wyden que os clientes que habilitaram o acesso à internet em seus veículos foram automaticamente inscritos para que seus dados fossem compartilhados com a Verisk.
A boa notícia para os motoristas preocupados com a venda de seus dados para as companhias de seguros é que, após o relatório em março, a Verisk encerrou o programa em abril. A carta conclui com os senadores instando a FTC a investigar a prática dentro da indústria e responsabilizar os executivos seniores.
MF