Na terra dos cangurus Hamilton faz barba-cabelo-e-bigode e vence o GP da Austrália. Felipe Nasr termina em quinto e torna-se o brasileiro com melhor resultado ao estrear na F-1. Felipe Massa perde o terceiro lugar para Vettel na base da estratégia de pit stops. Apenas 15 carros largaram e somente 11 terminaram.
Certamente nem o pipoqueiro da esquina da igreja se surpreendeu com o chamado “hat trick” de Lewis Hamilton na prova de abertura do Campeonato Mundial de F-1 de 2015, tamanha a vantagem da Mercedes sobre seus concorrentes. O que gerou comentários foi o número de carros que alinhariam às 15 horas locais, os que realmente largaram e apenas 11 cruzarem a linha de chegada 1h31m54”067 após a largada: há tempos não se via um grid tão raquítico. Pior, as causas de tamanha anemia não podem ser classificadas de circunstanciais nem motivadas por um problema de force majeure. O problema é bem mais embaixo da pretensa exuberância que se paddock acima.
Bem verdade que a primeira corrida do ano não é exatamente a projeção em alta definição do que vai acontecer durante as 19 etapas que completam o calendário de 2015, mas que o que se viu nas ruas de Melbourne deu uma boa idéia, isso não dá para discutir. Pode-se dizer Lewis Hamilton e Nico Rosberg estão em modo “realinhadas as órbitas dos planetas”, enquanto Red Bull, Lotus e McLaren são banhados por uma profícua chuva de meteoritos. Asteróides detonam com força o telhado de vidro da primeira, que entre 2009 e 2013 vivia como a Mercedes desfruta a vida hoje em dia.
Daniil Kvyat até que ia bem, mas pouco além da metade da prova o motor Renault do seu carro deu seu ar de desgraça e deixou o russo a pé; Daniel Ricciardo jamais teve carro para atacar Felipe Nasr na luta pelo quinto lugar. O único progresso conseguido pela equipe que distribui (ou distribuía…) asas foi a deterioração do relacionamento com a marca francesa. Aguarde os próximos capítulos de um casamento que, no mais iluminado idioma de Camões, já proveu o que tinha que prover…
Ainda que na condição de terceiro no sinistro que envolveu Kimi Räikkönen e Felipe Nasr logo na primeira volta, Pastor Maldonado já acionou o seguro de 2015. Romain Grosjean pelo menos conseguiu levar o carro de volta aos boxes, mesmo com a unidade de potência funcionando apenas na base da unidade, sem potência.
Outrora referência das referências, a McLaren vive seus dias de descamisada e sem teto; apenas um dos seus carros conseguiu ir para o grid. Em uma corrida onde os dez primeiros marcaram pontos e apenas 11 carros terminaram, pouca gente apostaria em ver um carro da equipe voltar para casa com a conta zerada. Brio e raça não faltaram para Jenson Button, faltou mesmo foi um motor minimamente eficiente; a Honda certamente não é nenhuma bobinha nesse negócio de projetar bons equipamentos, mas não se espante se alguma CPI verde-amarela terminar antes de se ver a equipe anglo-nipônica disputando lugares no pódio.
Nasr merece uma boa canja de galinha
Não há o que retocar na estréia de Felipe Nasr na F-1: o menino que nos tempos de GP-2 foi criticado por não ser combativo ou ter chegado ao título mostrou que é do ramo e tem cabeça e preparo físico para estar onde está. Apesar dos ataques desprovidos de pés ou cabeça do holandês Giedo van der Garde para derreter o chocolate da equipe suíça — ele levou a Sauber aos tribunais australianos na expectativa de ser efetivado como piloto do time de Peter—, Nasr manteve-se frio como deveria e mostrou ao fracassado rival que está fervendo. Melhor estréia de um piloto brasileiro na F-1, seu quinto lugar rabisca esperanças de resultados ainda melhores. Mas, por favor, por enquanto vamos deixar apenas para Galvão Bueno as loas sobre um novo colega de Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna. Canja de galinha e precaução sempre fazem bem.
O Campeonato Mundial de F-1 prossegue dentro de 15 dias com a disputa do GP da Malásia, em Sepang. O resultado completo do GP da Austrália e a classificação completa do Campeonato Mundial de Pilotos e Construtores você encontra clicando aqui.
WG