Problema grave no mercado de reposição é a invasão de peças baratas pois podem ser falsificadas e comprometer o bolso e a segurança.
Peça de reposição: na loja ou na concessionária?
Questão complexa. A fábrica do automóvel fornece para a concessionária todos os componentes de seus modelos. Mas em muitos casos ela pode estar apenas intermediando a venda, pois uma grande maioria deles é produzida pelos fornecedores de autopeças.
O fabricante de faróis fornece seus produtos para a Volkswagen, por exemplo, mas também para a loja de peças independente. Muda apenas a embalagem: na concessionária o farol vem na caixa da VW. Na loja, com a marca de quem o fabricou. Diferença de qualidade? Praticamente nenhuma. Se o fornecedor tem a aprovação da própria fábrica, então inspira confiança em qualquer embalagem.
E o preço? A fábrica pressiona o fornecedor a reduzir sua rentabilidade a um mínimo, pois adquire o produto em elevados volumes. Fora a concorrência de outras empresas do mercado. Com o poder de barganha, ela compra por preços mínimos, coloca sua margem (“mark-up”) e o fatura para a concessionária.
Quando o fornecedor fatura para a loja de peças, fica “mais à vontade” para aumentar seu lucro. Por outro lado, a loja é único intermediário entre fabricante e consumidor. Na autorizada, o freguês é o quarto na cadeia fornecedor-fábrica-concessionária, o que pode elevar o preço final depois de tantos impostos, transportes e margens de lucro.
Além disso, existem as peças “cativas”, produzidas pela própria fábrica do automóvel, que estampa partes da carroceria como portas, paralamas, capô e dezenas de outras. Neste caso, a fábrica não costuma fornecê-las para o mercado “paralelo”. Ou o faz com margem que torna difícil a loja competir com a concessionária.
Mas tem o fantasma da qualidade. O freguês que adquire peças de reposição no “paralelo” (lojas), pode estar levando um produto de mesma qualidade (que a concessionária) ou uma peça que poderá trazer transtornos no futuro. Como distinguir o gato da lebre?
Se a loja de peças vende um produto de marca conhecida, tradicional, às vezes internacional, não há por que duvidar de sua qualidade. Exemplo: a centenária Bosch — ela existe antes da maioria das marcas de automóveis — vende componentes elétricos para as fábricas e também para o “paralelo”. Mas, se o vendedor da loja sugere uma peça de marca desconhecida, duvidosa, melhor deixar para lá…
No caso de peças “cativas”, a grande maioria do que se encontra no mercado paralelo foi produzida por pequenas empresas que podem até respeitar padrões mínimos de qualidade, mas nem sempre. Muitas são importadas de países asiáticos e produzidas sem o menor respeito aos padrões mínimos de tolerância. Um paralama fabricado na China, por exemplo, não interfere na estrutura do automóvel e não precisa — necessariamente — ter mesmo padrão de qualidade que o original. Mas o lanterneiro (funileiro) pode se aborrecer e ter uma carga extra de trabalho para encaixá-lo no lugar, pois os furos da peça não coincidem com os da carroceria…
Outro problema grave no mercado paralelo é a verdadeira invasão de componentes falsificados. Como rolamentos: existem marcas tradicionais como Timken, Schaeffler, FAG, NSK, SKF. Mas existem fabricantes “cara de pau” que produzem (as vezes restauram usados) peças idênticas (a olho nu…) e as colocam no mercado. Custam a metade do preço, mas deve-se duvidar dessas “pechinchas” que não duram nem um décimo da vida útil da peça original. E o pior, além do rombo no bolso do consumidor, podem comprometer a segurança do veículo.
Resumo da ópera: nenhum problema comprar no “paralelo”, que tem, em geral, preços mais competitivos. Mas, em caso de dúvida da qualidade, recorra à concessionária.
BF