A Peugeot lançou esta semana o 2008 fabricado em Porto Real (RJ) exatamente dois anos depois de apresentado no Salão de Genebra. Trata-se de um 208 encorpado, maior em todas as dimensões menos o entreeixos, mantido em 2.542 mm (na verdade 1 mm maior, mas pode ser erro na ficha técnica de um ou de outro). O comprimento é de 4.159 mm (208: 3.966 mm), largura 1.739 mm (1.702 mm) e altura, 1.583 mm (1.472 mm). Visualmente e dirigindo-o é apenas um hatchback um pouco maior, nada daquilo que se rotula hoje como crossover, suve e afins, e o resultado é um veículo bastante agradável e com razoável porta-malas de 355 litros.
São três versões, Allure, Griffe e Griffe THP. As das primeiras têm o mesmo motor EC5M do grupo PSA, 1,6 litro duplo comando 16V de 116/122 cv com sistema Flex Start Bosch de aquecimento do álcool, acoplado a câmbio manual de cinco marchas ou automático de quatro, enquanto o Griffe THP, como o nome diz, emprega o motor Prince fruto de parceria BMW-PSA usado numa variedade de modelos Peugeot e Citroën, e em MINI até o ano passado, e que recentemente passou a ser flex, aplicado inicialmente no Citroën C4 Lounge. Esse motor 1,6-l turbo de injeção direta é bem conhecido e valoroso pela sua eficiência ao desenvolver 173 cv. Todavia, é associado a câmbio manual apenas, de seis marchas, uma vez que a Peugeot alega não haver espaço para instalar o automático Aisin de seis marchas e o AL8 de quatro marchas não suportaria o torque do motor THP. Este motor especificamente não conta com nenhum sistema auxiliar para partida a frio quando com álcool devido unicamente à elevada pressão de injeção, 200 bar.
Os preços, em reais, são:
Allure manual 67.190; automático, 70.390 (apenas 3.200 mais);
Griffe manual, 71.290; automático, 75.000;
Griffe THP, 79.590
O lançamento para a imprensa foi em Porto Seguro, na Bahia, e o percurso de teste foi entre este município e Santo André, num total de 130 quilômetros sobre vários tipos de piso, lama inclusive, o tempo estava chuvoso — me contaram, pois não compareci ao lançamento, e digo por quê: perdi o avião, por um motivo bobo. Como já venho usando o QR Code no telefone em vez do cartão de embarque impresso em casa, aconteceu que cheguei em cima da hora ao aeroporto (Congonhas) e a página da TAM não abriu, apesar de o Wi-Fi neste aeroporto ser forte nas duas conexões que fiz. Corri, então, ao balcão da empresa (algo longe) para obter o cartão impresso, mas já era tarde, disseram-me não ser mais possível embarcar por a porta do avião já estar fechada. Não havia alternativa de vôo, e assim mesmo só em Guarulhos. Fiquei muito chateado, claro.
Porém, lembra-se que estive numa apresentação prévia do 2008 em dezembro, a qual gerou a matéria sobre um engenheiro da PSA, o Cláudio Lobão, “Veloz (muito), mas nada de furioso”, que me conduziu num 408 Griffe THP com uma rapidez suavidade impressionante? Pois bem, nessa ocasião pude dirigir 2008 por várias estradas no entorno de Engenheiro Passos (RJ), inclusive de terra, desse modo compensando plenamente minha ausência no lançamento oficial.
Assim, posso dizer, com total propriedade, que o 2008 é um veiculo que agrada em cheio. Como eu disse, é um 2008 encorpado e do qual herda todas as boas características. A principal “herança” é o revolucionário quadro de instrumentos em posição elevada, visível por cima do aro do volante de direção, possível pelo pequeno volante achatado em cima e embaixo que mede na horizontal 350 mm de diâmetro e na vertical, apenas 330 mm.
Fora o Griffe THP, toda a mecânica é 208, suspensão McPherson/eixo de torção, tudo, mas com a diferença de os freios traseiros serem a disco e os discos dianteiros serem maiores, de 283 mm de diâmetro ante 266 mm. O maior peso, comparando versões Griffe manual, 1.205 kg versus 1.153 kg, motivou a bem-vinda mudança. Outra diferença é a maior distância mínima do solo no 2008, 200 mm, certamente bem maior que a do 208.
Portanto, o 2008 atende a quem quer passar o mundo dos utilitários esporte ou quase, sem sofrer as agruras de um carro muitas vezes inadequado para uso tipicamente urbano e, melhor, com comportamento de automóvel e com razoável diâmetro mínimo de curva 11,2 metros (pareceu-me menos).
O espaço interno é bom, nota-se a maior amplitude facilmente graças à maior largura da carroceria, sendo o espaço no banco traseiro bem razoável.
Dentro da categoria de veículo o coeficiente de arrasto aerodinâmico é muito bom, 0,35, com área frontal de 2,30 m², área frontal corrigida de 0,804 m².
Não há o que reclamar do desempenho.O das as versões de motor 1,6 aspirado câmbio manual a aceleração 0-100 km/h é 10,2/11,4 s e automático, 11,9/13,2 s, sempre na ordem álcool/gasolina. Velocidade máxima, 190/183 km/h e mais desfavorável com caixa automática, 177/171 km/h.
No Griffe THP, obviamente, a coisa muda bem: 0-100 km/h em 8,1/8,3 s e 209/206 km/h.
O consumo de combustível não foi informado e o tanque é de 55 litros.
Os pneus são 205/60R16 em qualquer versão e são do tipo baixo atrito de rolamento. Mostraram-se totalmente adequados ao tipo de carro, conciliando aderência longitudinal e lateral. O comportamento do 2008 é de automóvel e nada deve ao primo 208. Tudo está como deve ser, bem calibrado, inclusive a assistência elétrica da direção com indexação à velocidade.
O Griffe THP conta com controle de tração e estabilidade, chamado de Grip Control pela fabricante, com cinco modos de operação: normal, neve, barro, areia e ESP (controle de estabilidade) desligado. O modo passa para normal depois de 50 km/h.
O Grip Control engloba o controle de estabilidade, o ABS, a distribuição das forças de frenagem, o auxílio à frenagem, o controle de tração e o assistente de partida em rampa.
Todas as versões trazem tela tátil em cores de 7 pol integrada ao painel que permite controle do GPS, de mídia, de comunicação para o uso do Bluetooth, da configuração do veículo (data, unidades de medida de consumo, função “siga-me para casa”, entre outros).
Novidade também o MyPeugeot, aplicativo disponível a partir de maio para iOS e Android, para receber via Bluetooth informações da central multimídia e acessá-las da tela do smartphone. Será possível, por exemplo, acompanhar a autonomia, o consumo, distância e tempo dos trajetos e outras informações, inclusive quando deverá ser feita a próxima revisão.
O teto do 2008 Griffe é de vidro, panorâmico, com 0,6 m² de área, com cortina de acionamento elétrico.
Há cintos de três pontos retráteis para os três ocupantes do banco traseiro, mas não as esperadas fixações Isofix para bancos infantis por se tratar de um carro novo. Bolsas infláveis de cortina, só para o Griffe/Griffe THP, mas laterais há em todos.
O titulo desta matéria poderia ser “Mais um no bloco”, já que o 2008 se junta aos recém-lançados Honda HR-V e o Jeep Renegade nesse formato de utilitário esporte compacto ou crossover, uma disputa que será interessante assistir, pois há os contendores Ford EcoSport e Renault Duster nela.
Pelo que andei, e me baseando no que o Josias escreveu sobre o HR-V, o Peugeot 208 está bem na parada, inclusive pelo seu desenho muito atraente, que acho o campeão de todos. Embora particularmente não me faça falta o câmbio automático na versão de topo Griffe THP, isso poderá afastar compradores que querem comodidade e, por que não, status.
BS