Qual é a primeira pergunta que você faz ao vendedor quando vai comprar um carro? Certamente cada um de nós tem uma dúvida ou um interesse diferente ao escolher. E como muitos de nós somos autoentusiastas, já chegamos com muitas informações sobre o modelo e a marca. Seja carro novo ou usado. Como vocês verão, cada um tem suas perguntas.
Como moradora de uma cidade grande, velocidade final é algo que não é minha primeira pergunta. Gostaria que fosse, e já foi em priscas eras, mas a realidade me limita. Dirijo muito na estrada mas os radares dizem que não posso rodar a mais de 120 km/h. E em São Paulo… bem. Entre congestionamentos e a herança da gestão anterior estamos limitados a qualquer coisa entre trechos de 90 km/h nas marginais (que, na prática, se limitam a pouquíssimos horários, prejudicados pelos motoristas que teimam em continuar dirigindo a no máximo 70 km/h na faixa da esquerda da pista expressa) e 30 km/h em muitas ruas.
Interessa-me (confesso que acho elegante uma ênclise de vez em quando) especialmente o carro ter bastante potência em baixas rotações, aquilo que a maioria chama de torque. Novamente acho importante para ultrapassagens seguras e muitas vezes é necessário para manobras que somos obrigados a executar — como evitar tomar multa na 23 de Maio com a faixa de ônibus do lado direito, que funciona 24 horas por dia e por onde acessamos a avenida vindos de outras direções. Como mudar de faixa, especialmente no horário de pico? Só com boa aceleração e, claro, bastante sorte.
Mas, como também sou dona de casa e viajo muito, porta-malas amplo é indispensável. Sei que é algo que parece banal, mas para mim é fundamental. Costumo dizer que pelo menos um dos carros da casa é escolhido por esse fator. Na verdade, acaba sendo um lugar para guardar malas com rodas. Bem, nem tanto porque tenho que gostar do modelo e ele tem de preencher outros quesitos, mas esse é um dos três principais.
E sabem de algo que jamais fez parte das minhas preocupações? Consumo de combustível. Por favor, não me chamem de fútil ou alienada, pois não sou nenhuma das duas coisas. Trabalho desde os 16 anos e sou extremamente responsável com dinheiro. Acho que ele não admite desaforo. Ele se vinga quando é maltratado, desperdiçado. Mas, desde a década de 1970 com a crise do petróleo quando o barril passou de meros US$ 1,80 por barril em 1970 nos EUA, (o WTI, cotado na Bolsa de Nova York, estava a US$ 7 no mercado internacional) para US$ 51 o barril do WTI em 1979 o assunto acabou sendo uma preocupação das fábricas, que começaram a fazer veículos mais econômicos – praticamente todas elas. Claro que o dólar tinha outro valor, pois tivemos inflação em dólar desde então e estou falando em valores nominais e que naquela época os carros faziam, como gosto de dizer, “quilômetros por litro”. Por isso hoje não faz muito sentido essa preocupação. É claro que sempre há alguma exceção. Mas não passa disso, exceção.
Nos anos 70 o consumo dos veículos era realmente altíssimo, pois a indústria não tinha a menor preocupação com o assunto. Por diversos motivos que, na época, eram extremamente compreensíveis: o petróleo era farto, barato, parecia eterno, quase não se falava em poluição, aquecimento global e em um monte de coisas que, verdadeiras ou não, exageradas ou não, hoje são motivo de seminários internacionais e conversas de boteco.
Atualmente, as diferenças de consumo entre os vários modelos de carros de passeio são realmente pequenas. Se formos pegar aquelas auferidas pelos fabricantes, até são um pouco maiores, mas levando em consideração que cada motorista tem uma forma peculiar de dirigir e o faz num determinado tipo de trânsito, o delta tende a zero. Exceto, é claro, que comparemos peras com maçãs. Digo se compararmos veículos de uma mesma categoria entre si e nada de comparar carros de 700 kg com bitrem. E, ainda, exceto para quem roda muito, mas realmente muito, como um motorista de táxi, é que haverá alguma diferença. Se estivermos escolhendo um carro para nosso sogro, que sai no final de semana para visitar os netinhos e duas vezes por mês para levar a sogra ao supermercado e algum outro passeio, para que olhar para quanto o carro consome? Não é melhor ver o conforto que o veículo vai proporcionar ao casal? Ou os itens de segurança? Quanto ele vai rodar por ano? Vai fazer alguma diferença? Pessoalmente, acho que nem vale a pena o tempo que se perde fazendo essa conta.
Digo isto porque recentemente uma amiga me perguntou sobre colocar a alavanca do carro automático no N ao parar no sinal. Ela queria saber se isso poupa combustível, pois tinha ouvido que sim. Sim, na teoria, sim. Mas a economia é tão ínfima que me questiono se vale a pena comprar um carro automático para não passar marcha e depois ficar botando a mão na alavanca a cada parada no semáforo. Já tem carro que faz isso automaticamente. Nesse caso, OK. Se ele faz isso, assim como aqueles que cortam a ignição, tudo bem. Eu não faço absolutamente nada – ainda que, ideologicamente, não goste desse dispositivo de desligar o motor. Prefiro ter sempre o comando do carro. Sim, já sei, dá para desativar isso e a partida é realmente imediata, por isso digo que é uma questão ideológica. Mas eu comprar carro automático para não ter trabalho e depois tenho o mesmo trabalho? E ainda perder a melhor parte do carro com câmbio manual, que é eu comandar as trocas de marcha, decidir quando fazê-las, com quantos giros do motor? Juro que não entendo. Aí eu ficaria sem a melhor parte do carro manual e ainda teria a “pior” parte do automático, que é ficar colocando a mão na alavanca?
Como meus leitores sabem, tenho uma cadernetinha onde anoto tudo sobre meu carro e, claro, sou capaz de saber quanto ele consome. Mas a razão das anotações nada tem a ver com isso e sim com acompanhar a manutenção dele. Se por algum motivo houver alguma alteração nesse item, algo há e deve ser apurado já que abasteço sempre no mesmo posto e com o mesmo tipo de combustível. Me ajuda a lembrar quando devo fazer a troca do óleo e outras coisas. Mas apenas isso.
Mudando de assunto: Dia 17 de agosto foi o aniversário de 65 anos do tricampeão Nelson Piquet. Como já disse várias vezes aqui sou mega, hiper, uber fã dele. O Estadão colocou no Acervo dele algumas informações interessantes com fotos antigas que vale a pena ver. Espero que alterem um errinho que tinha no texto, pois diziam que Alan Jones era inglês. Mandei mensagem avisando que era australiano – fora isso, tinha coisas interessantes.
NG