No final da Parte 1 descrevemos os itens que formam esta complementação, que assim como na parte anterior serão apresentados pelo André Hak Joo Chun, com detalhes e comprovações que consubstanciam toda esta grande pesquisa.
Situação atual dos US “de funcionários”
Como relatado por André Hak Joo Chun
Como eu disse na Parte 1, Última Série, por simplificação, é citado como US.
A situação atual dos 47 US “de funcionários” não é das mais animadoras:
22 Fuscas US “de funcionários” em circulação.
22 Fuscas US” de funcionários” foram roubados.
3 sem licenciamento (um há 7 anos e outros dois há 17 anos).
Com isso, menos da metade deles estão regulares, e para aumentar nossa tristeza o último e penúltimo US “de funcionários” produzidos estão na lista dos Roubados.
Por fim, a tabela abaixo com os 47 Fuscas e os até então 36 primeiros donos identificados. Dos 36 primeiros proprietários identificados, 35 funcionários da Volkswagen e um que iremos contar a história logo mais. O intuito da tabela, além de mostrar a situação dos Fuscas US “de funcionários” no dia de hoje, é provar ao leitor que esses carros foram sempre destinados a alguém fortemente ligado à empresa:
Em tempo, sabemos que os Srs. Benedito Bruni e Klaus Bouillon retiraram um US “de funcionários” branco, mas por não terem mais nenhum documento da época, ainda não conseguimos vinculá-los à lista acima.
Com apenas 22 carros circulando, agora entendemos por que quase nunca vimos um carro desses nas mídias sociais ou anúncios de venda.
Busca de US “de funcionários” e “de diretoria” adicionais depois da descoberta de todos os chassis: validação da pesquisa
Antes de continuar, lembramos que a diferença básica entre os que chamamos ser “de diretoria” ou “de funcionários” é que os primeiros não tinham a gravação “ÚLTIMA SÉRIE 31/10/1986” no para-brisa e vidro traseiro, o restante é descrito de caso a caso — conforme o respectivo código. Como os “de diretoria” são a minoria, a nomenclatura mais usual será “de funcionários”.
Com os 47 chassis identificados, decidimos tentar encontrar alguns US “de funcionários” a mais para comprovar que a busca foi feita de maneira correta e exata. Já tínhamos cinco carros com bom nível de informação que foram mencionados anteriormente, e aproveitando que são tão poucos, falaremos de todos eles. Em resumo, conseguimos achar mais 10 US “de funcionários” com fotos e detalhes, mais dois US “de funcionários” que contatamos os donos (sem fotos) e ainda mais cinco que conseguimos informações indiretas, totalizando os 22 licenciados. Vamos a eles:
O sexto US é “de funcionários”
É do André, de Minas Gerais. Neste carro a versão de acabamento é igual à do Sr. Mário e do Sr. Andreas, mas a gasolina. Ou seja, a versão que nos faltava (0105) até então.
Comprovando a teoria do primeiro proprietário estar na lista dos 100 funcionários mais antigos, o carro pertenceu ao senhor Hans Uthmann, número 100 da lista (conforme mostra a reprodução do manual do proprietário abaixo), a Concessionária de faturamento é a 2999 e no vidro a gravação: Última Serie 31/10/1986 (conforme a foto abaixo):
O sétimo US é “de funcionários”
A validação deste carro também foi obtida após a consulta de todos os chassis, ele pertence ao Sr. Adolfo S. que o conserva em seu poder desde 2007. O veículo é movido a álcool (código 155), foi faturado pela Concessionária 2999 e é de acabamento igual ao do Sr. Mário e do Sr. Andreas:
O carro foi tirado pelo Sr. Manfred Heins Hermann, número 86 da lista e está entre os últimos chassis produzidos. O vidro dianteiro foi trocado, mas felizmente o traseiro é original e confirma a gravação Última Série 31/10/1986:
O oitavo US é “de diretoria”
Vem a ser o do Sr. Renato M., de Santa Catarina, que embora bem jovem, mantém o carro mesmo morando fora do Brasil. Aqui recebemos a ajuda de seu tio Gérson (ex-proprietário e ex-funcionário da Volkswagen) que nos explicou quem foi o primeiro proprietário. O carro havia sido da família desde praticamente 0-km. Praticamente porque o irmão do Sr. Gérson foi casado com a filha de um senhor que não estava na lista dos 100 funcionários (a família não autorizou a publicação do nome dele na matéria), mas ele simplesmente ocupava o cargo de vice-presidente. Ou seja, esse é mais US “de diretoria”; como fica claro pelo documento abaixo indicando o endereço da Volkswagen:
O carro do Sr. Renato, com código de acabamento 150, também vinha com sistema de som, assim como o US “de funcionários” do Adriano C. e do Sr. João Ralisch. O detalhe é o alto-falante na porta:
Esse US “de funcionários” saiu via Concessionária interna 2094 (uma das exceções) e a gravação Última Série 31/10/1986 não aparece nos vidros. Aqui voltamos ao segundo carro que apresentamos na matéria, que foi do Sr. João Ralisch. Ambos são parte da exceção de não terem sido faturados pela Concessionária 2999, e sim pela Concessionária 2094. Ambos primeiros proprietários não estão na lista de 100 funcionários, mas ocupavam lugar no alto escalão da empresa.
O nono US é “de funcionários”
Veio a ser o do Sr. Celso, e está com somente 2.000 km rodados, é conservado sobre cavaletes. O carro em questão é movido a gasolina e apresenta o mesmo acabamento do Fusca do Adolfo, ou seja, tem código de acabamento 0105. O carro em questão foi retirado pelo senhor Roland Giljum, número 45 da lista. Ele ficou com o carro ate 2007 (em nome da VW do Brasil) A gravação ÚLTIMA SÉRIE 31/10/1986 está presente nos vidros.
O décimo US é “de funcionários”
Vem a ser do nosso amigo João S., de São Paulo. Está com apenas 236 km rodados e inicialmente foi retirado pelo Sr. Adolfo Leifert, número 66 da lista, pela concessionária 2999. Trata-se de um veículo a gasolina com código de acabamento 105. No caso, os códigos de acabamento 105 e 155 vieram sem som. Este carro é um sonho.
O décimo-primeiro US é “de funcionários”
É do Sr. Antônio G,. que guarda o carro a sete7 chaves. Seu filho Edison e sua esposa Sra. Regina utilizam-no de vez em quando para ir do interior de São Paulo a Santa Catarina. O primeiro proprietário foi o Sr. Antônio Antunes Mendes, número 99 da lista, e esse carro saiu via concessionária 2999 e tem código de acabamento 100, ou seja, o mais completo. As rodas originais estão guardadas e vidros foram trocados:
Quando adquiriram o carro, foi necessário trocar o tecido do banco do motorista, mas o restante do interior está preservado. O carro também veio com sistema de som.
O décimo-segundo US é “de diretoria”
É um carro de único dono, pertencente ao Sr. Ramez, que trabalhou na VW por 12 anos, no alto escalão. Ele é um dos que assina a carta de menção honrosa de 1986. Certamente se orgulha de ver o carro na garagem há 33 anos. Possui apenas 21 mil km rodados e ainda é ligado regularmente. No geral, tudo como saiu da Concessionária 2999. Trata-se de um veículo a gasolina com código de acabamento 100, o mais completo possível.
O Fusca do Sr. Ramez, comprovadamente “de diretoria”, não vem com a gravação Última Série 31/10/86, assim como os outros dois Fuscas da alta diretoria que aqui relatamos. Sr. Ramez me confidenciou que deseja que o carro volte à VW para que fique no acervo da empresa, o que certamente será uma nobre atitude.
O décimo-terceiro US é “de funcionários”
Ele foi encontrado no interior de Minas Gerais e é utilizado no dia a dia. Por não ter manual de proprietário, ainda não conseguimos identificar quem foi seu primeiro dono. O carro não tem característica nenhuma de ser um US “de funcionários”, muito embora, o sistema VW informe que o código de acabamento desse chassis é o 83 (indicando US “de funcionários”) e a concessionária de saída dele é a 2999, como a maioria dos US “de funcionários” e a numeração de chassi indica ser dos últimos produzidos:
Externamente não vemos o borrachão dos para-choques e as lanternas foram trocadas pelas fumês. O motor está cadastrado como álcool pelo sistema da Volkswagen, mas olhando a tampa do motor, vê-se que se trata de um veículo movido a gasolina (era muito comum a conversão de álcool para gasolina durante a década de 1990, mas não a ponto de trocar a tampa do motor). Internamente, o carro é um Fusca 86 luxo. Embora ainda não tenhamos a confirmação do primeiro proprietário, possivelmente o carro foi retirado pelo Sr. João Galdino Filho, número 82 da lista dos 100 funcionários, que me relatou que o carro dele foi vendido para um conhecido que capotou com o Fusca US “de funcionários”, que acabou sendo reparado.
O décimo-quarto US é “de funcionários”
Ele pertence ao Sr. Thalis C., que comprou o carro no interior de Minas Gerais há 10 anos. O carro está em bom estado de conservação e foi retirado originalmente pelo Sr. Sebastião Dias Silveira, número 97 da lista. Trata-se de um modelo 155 a álcool:
A gravação Última SÉrie 31/10/86 está presente nesse modelo:
O curioso é que o proprietário atual achou que o carro era mexido porque tinha bancos de Santana. Ficou feliz em saber que o carro não tinha sido modificado, mas que tinha saído assim da própria Volkswagen do Brasil.
O décimo-quinto US provavelmente é “de diretoria”
Ele pertence ao Sr. Antônio, de Rondônia, que está perto dos 90 anos. Ele não possui manual do carro e disse que teve que reformar o carro quando comprou. Também converteu o motor para 1300 por questões de economia. Não possui WhatsApp ou Facebook e disse que o carro é muito utilizado. Esse Fusca originalmente a álcool, código 150, foi convertido para gasolina e saiu da concessionária 2095 na Fábrica Anchieta. Vimos que os dois Fuscas que saíram por fora da concessionária 2999 eram de alta diretoria que não estavam na lista de funcionários ou na carta de menção honrosa. Logo, é bem provável que o primeiro dono tenha sido diretor.
O décimo-sexto US é “de funcionários”
Pertence ao Sr. Antônio, do Interior de São Paulo, também com acabamento 0150, originalmente a álcool, mas foi convertido para gasolina. Precisou de reforma e o primeiro proprietário foi o senhor Delasir Lotto, número 93 da lista, via concessionária 2999. Segundo o Sr. Antônio, existe a grafia 31/10/1986 no vidro, mas o Sr. Antônio não possui WhatsApp, Facebook ou Instagram para compartilhar as fotos. A conversa foi por telefone.
O décimo-sétimo US é “de diretoria”
Este carro está em São Paulo, de acabamento 0100 a gasolina. Não conseguimos o contato com o atual proprietário, mas o primeiro proprietário foi o Sr. Dieter Weert Bokelman, um dos diretores que assinou a carta de menção honrosa. Este Fusca foi retirado via concessionária 2999. Nosso amigo Mário Yoshio viu o carro pessoalmente na região de Guarulhos; ele disse que está zero-quilômetro e curiosamente não tem faróis de longo alcance.
O décimo-oitavo US é “de funcionários”
Este carro está em Goiânia, de acabamento 0105 a gasolina. Não conseguimos o contato com o atual proprietário e tampouco sabemos quem foi o primeiro; mas ao menos no Detran pudemos verificar que o motor deste carro foi trocado.
O décimo-nono US é “de funcionários”
Este Fusca está em Minas Gerais e é de acabamento 0100, a gasolina. Não conseguimos o contato com o atual proprietário, mas sabemos que o Sr. Washington Luís de Souza, número 91 da lista, foi o seu primeiro proprietário. Esse carro foi visto por amigos há anos e o relato diz ser um carro muito novo e original.
O vigésimo US é provavelmente “de funcionários”
Está em Guarani das Missões, no Rio Grande do Sul, de acabamento 0150, a álcool. Não conseguimos o contato com o atual proprietário e tampouco sabemos quem foi o primeiro.
O vigésimo-primeiro US é “de funcionários”
Está no Estado de São Paulo, de acabamento 0155, a álcool. Não conseguimos o contato com o atual proprietário, que faleceu há pouco tempo mas o carro em questão foi retirado pelo senhor Henrique Porcel Onha que deixou da sua filha usar o carro no dia a dia. O carro foi vendido em 1996.
Desvendando a exceção:
O vigésimo-segundo US é “de funcionários”
É o do Sr. Francisco M., que muito nos ajudou. Dos 47 carros levantados este foi o único que não havia saído via Volkswagen do Brasil e sim via concessionária 887 da cidade de Matão, no Estado de São Paulo. O carro em si, perfeito, um autêntico US “de funcionários” código 0100 pelo sistema Volkswagen, que seria o mais completo e normalmente os que foram destinados à diretoria. Volante, relógio analógico, porta-objetos, tecido do Santana, aquecedor, sistema de som.
Ficaram faltando os faróis de longo alcance (alguns vieram sem – não há explicações) e o borrachão dos para-choques:
Perguntando ao Sr. Francisco sobre o primeiro dono, a resposta que veio foi: “Foi o meu avô, o Sr. Francisco”. Já mostrando a lista de funcionários e diretoria para o Sr. Francisco, ele vem a mencionar que o avô dele nunca fez parte da Volkswagen. A prova do primeiro proprietário ser o avô dele está aqui escrita no manual:
A Frasima é empresa de seu avô, que leva as suas iniciais: Francisco Sylvio Ma.; e neste caso a teoria de que sempre foram funcionários, ou diretores, que tiraram os carros US, foi quebrada.
Seguindo a conversa com o Sr. Francisco, ele disse que um importante amigo do avô dele poderia ter ajudado com esse Fusca, pois eram bem próximos. Quem seria esse amigo? A troca de correspondência abaixo responde a esta pergunta:
Wolfgang Sauer, simplesmente o presidente da VW do Brasil de 1973 até 1989, também conhecido por “o homem VW”. Pelo relato, o Sr. Francisco viria ainda ficar com um Fusca Última Serie Azul. Curiosamente, o Sr. Sauer ficou com um branco e um azul.
Não era intenção dessa pesquisa, mas sem querer tivemos informações históricas adicionais e agora sabemos quem vendeu a área onde viria a ser construída a emblemática fábrica da Volkswagen do Brasil no km 23.5 da Rodovia Anchieta. A relação da família do Sr. Francisco com a Volkswagen começou ainda na década de 50. Vamos a mais trocas de mensagens reveladoras:
Esse carro, conforme as comprovações recolhidas, não foi destinado a funcionários; mas a generosidade do Sr. Wolfgang Sauer foi um fator gerador determinante para a entrega desse carro especial. O carimbo mostra a concessionária de origem e a Volkswagen mandou esse carro especial ser entregue em Matão, onde é a sede da empresa do Sr. Francisco:
Detalhes dos Fuscas US “de funcionários”
Os Fuscas US “de funcionários” (e “de diretoria”) sempre vieram na cor branca, contendo vidros verdes, vidros laterais traseiros basculantes e vidro traseiro com desembaçador, tal qual o Fusca US (lembrando que chamamos de US aqueles que vieram numerados e também foram para concessionárias), entretanto, traziam um “algo mais”. E, para alguns, um “algo muito a mais”:
– O interior do US “de funcionários”, usava o tecido do Santana CG da época (foto com interior preto é o de um US numerado – apenas para comparação). O carpete dos US “de funcionários” era acinzentado e não preto como do US. Abaixo a foto mostrando os bancos do US “de funcionários” e os dos US numerados:
– O volante do US “de funcionários” era espumado e todos vinham com relógio analógico no painel. Esse volante viria a equipar o Fox 87 (Voyage e Parati de exportação) e depois, a linha Gol e ainda o Fusca Itamar” nas versões de luxo. Abaixo, à esquerda, temos o painel dos US “de funcionários”, e à direita, o painel de um US:
– Buzina dupla: aproveitando o volante novo, a Volkswagen equipou esses carros com a buzina dupla (uma corneta aguda e uma grave).
– Faróis de longo alcance (houve uma parte deles sem eles – talvez um opcional) e borrachões nos para-choques:
Por conta dos faróis de longo alcance, foi acrescentado um interruptor ao painel; e agora sabemos de onde veio a inspiração da VW para fazer o suporte dos faróis de longo alcance do Fusca Série Ouro 1996:
No cofre do motor verificamos mais um item caprichado: os US “de funcionários” possuem um forro antirruído na parede corta-fogo entre o motor e o habitáculo.
Para nossa surpresa, até as lembrancinhas do US numerados foram disponibilizadas a esses US “de funcionários” (e “de diretoria”), mas com algumas pertinentes modificações:
1) Chaveiro com a menção “FUSCA ÚLTIMA SÉRIE 31.10.86” (ao lado a comparação com o chaveiro que veio com os US numerados):
2) Certificado de Menção Honrosa (nesse caso sem a numeração de 1 a 850 como nos US)
3) Fita VHS
4) Par de placas mencionando: “FUSCA – ÚLTIMA SÉRIE 31·10·86” (ao lado uma placa de um dos numerados)
5) Segundo manual escrito Última Série, mas sem a numeração de 1 a 850:
Versões do US “de funcionários” (e “de diretoria”)
No decorrer da matéria vimos que eram quatro versões de US “de funcionários” (e “de diretoria”). Pelos números e combinações, não temos dúvidas que foram planejados (às vezes, no final da prodição, monta-se como pode e com o que se tem):
1) US “de funcionários” gasolina: interior todo forrado com tecido nas laterais e tetos (Código 100): 11 carros
2) US “de funcionários”:gasolina: interior sem forro de tecido nas laterais e tetos (Código 105): 13 carros
3) US “de funcionários” álcool: interior todo forrado com tecido nas laterais e tetos (Código 150): 11 carros
4) US “de funcionários” álcool: interior sem forro de tecido nas laterais e tetos (Código 155): 12 carros
Motorização
US “de funcionários” a gasolina (códigos 100 e 105)
Foram 24 US “de funcionários” com esse combustível. Esses carros vinham com um carburador, e traziam o aquecimento de cabine (item inexistente nas versões a álcool):
US “de funcionários” a álcool (Códigos 150 e 155)
Foram 23 Fuscas US “de funcionários” movidos a álcool com dupla carburação, mas sem sistema de aquecimento:
Acabamento Interno
Versão com forro de porta e teto aveludados:
22 US “de funcionários”, 11 a gasolina (código 100) e 11 a álcool (código 150), receberam o acabamento interior com forros de porta, laterais e teto aveludados, além do sistema de som de fábrica:
Versão com forro de porta e teto de courvin:
25 US “de funcionários”, 13 a gasolina (código 105) e 12 a álcool (código 155), receberam o acabamento interior com forros de porta, laterais e teto de courvin, mas, curiosamente, diferentes dos Fuscas luxo e US numerados:
O curioso é que essa versão já vinha com porta-objetos na porta (os US numerados vinham sem esse acessório), e os forros laterais têm diferença de coloração em relação aos Fuscas US numerados.
Nessa versão, o para-sol do motorista possui uma bolsa canguru para guardar os documentos e o para-sol do passageiro vem com espelho de cortesia. Um luxo só em se tratando de Fuscas (itens inexistentes nos US numerados).
Saída direto via fábrica
Uma das provas de que esses carros foram faturados diretamente da fábrica está presente no manual (chassis final 3, 5, 8 e 9 para não deixar dúvidas). Esse carimbo é o da Oficina-Piloto que fica dentro da fábrica da VW em São Bernardo do Campo e indica desde onde o carro foi faturado para os funcionários:
Considerações finais: é uma série especial ou não?
Esses carros, como provamos aqui, não foram à venda para o mercado, também não chegaram a nenhum meio de comunicação massivo da época, que se restringia a revistas e jornais como a Quatro Rodas, Autoesporte e Jornal do Carro. Não encontramos vestígios de matérias feitas sobre esses carros. Com apenas 47 carros produzidos, sem nenhuma veiculação, o máximo que se conseguia na época, era um “boca a boca”.
Sem nenhum material oficial da VW e com o passar do tempo parte dos carros sendo roubados e com os remanescentes escondidos em garagens, acabaram se tornando simples Fuscas brancos 86 com acabamento que muitos acreditavam terem sido feito por algum tapeceiro, com volante do Fusca Itamar e faróis de longo alcance adaptados. Vimos que não é nada disso.
Ficamos felizes em resgatar essa memória e colocar esses carros na rota e no conhecimento dos amantes de Fusca. O estudo somente foi possível por conta dos dados disponíveis na internet, da rápida troca de informação por WhatsApp e, claro, com muita persistência em achar esses notáveis funcionários depois de 30 anos.
Ainda nos falta achar os primeiros proprietários de 11 Fuscas e vamos seguir com a pesquisa para encontrá-los. Aqui convocamos os leitores e leitoras que possam nos ajudar nesta empreitada.
As evidências apresentadas no decorrer dessa matéria sobre esses Fuscas serem ou não um Série Especial, falam por si só:
– Gravação nos vidros: ÚLTIMA SÉRIEe 31/10/86 (ausente nas versões “de diretoria”)
– Complementos indicando ser Fusca Última Série (diploma, manual, chaveiro, fita VHS e placas personalizadas 31/10/1986)
– Acabamento de bancos diferenciado de qualquer Fusca que foi produzido em série
– Acessórios que não vinham em nenhum Fusca até 1986, como volante espumado do Fox de exportação, relógio analógico, borrachão nos para-choques, faróis de longo alcance, aquecimento, buzina dupla e espelho de cortesia no para-sol do passageiro.
Independentemente do reconhecimento, é fato que esses carros são diferenciados, feitos pela própria VW e indubitavelmente possuem (junto com os funcionários) uma bela história até então oculta. Merece o reconhecimento por todos os especialistas automobilísticos, seja como Última Série da Diretoria, talvez como Última Série de Funcionários, ou, por que não, o nome que a Volkswagen deu a eles: ÚLTIMA SÉRIE 31/10/86.
AGRADECIMENTOS
Antes de encerrar esta Parte 2 da matéria sobre “VW FUSCA” ÚLTIMA SÉRIE 1986 PARA FUNCIONÁRIOS (E PARA DIRETORIA) apresento esta lista de agradecimentos que complementam aqueles já feitos no decorrer da matéria; pois, a pesquisa aqui realizada teve muitos nomes que não devem, tampouco podem, ser esquecidos:
– Márcio Ramos, José Geraldo Morais, Alexandre Amorelli, que participaram ativamente da pesquisa;
– Sr. Mário Yoshio que ainda na década de 90 anotou a placas de alguns US “de funcionários”;
– Srs. Paulo Banov e Paulo Banov Filho que tiveram o seu US “de funcionário” roubado, mas nos ajudaram a identificar pessoas da lista dos 100 funcionários mais antigos da Volkswagen que tiraram um carro;
– Ao amigo Ademir Toani que teve o seu US “de funcionário” roubado, mas ajudou a encontrar o primeiro dono daquele Fusca;
– Ao amigo Adilson José Pereira Filho que disponibilizou seu US “de funcionários”;
– À Sra. Kennia S. Sirianni que nos ajudou com dados do seu US “de funcionários” roubado;
– Aos irmãos Ricardo, Alfredo e Eduardo Ralisch que deram muitos dados a respeito desses carros;
– Aos amigos Edilson Pereira Vaz Junior, Ademir de Freitas Júnior e Fredericiano Francisco de Miranda que ajudaram nas buscas;
– Alguns amigos da lista dos 100 funcionários mais antigos participaram por telefone, mas por não terem acesso a WhatsApp não conseguiram enviar fotos. A participação deles foi importantíssima: Srtas. Adriana e Alessandra Jung (representando a Sra. Adriana Jung), Sra. Marta Bruni (esposa do Sr. Benedito Bruni), Sra. Célia Merten (esposa do Sr. Theo Merten), Sra. Ana Soares da Silva (representando o Sr. Joel Soares da Silva), Sra. Maria Aparecida Petruschky, a Sra. Renata Zanella (representando o Sr. Roberto Zanella), a Sra. Kozue Matsuda (seu marido Keiiti se encontrava hospitalizado), o Sr. Adilson Ventorin (representando o Sr. Marco Ventorin), Sr. Andreas Zimmerman (representando do Sr. Karlheinz Josef Zimmermann) e a Sra. Lúcia Toti (representando o Sr. Edival Tatti diagnosticado com Mal de Parkinson);
– Aos presidentes EDI – Edivaldo Hernandes e Helder Sobreda que participam ativamente das pesquisas;
– Aos grupos de Fusca “Itamar” 1 e 2, grupo de Fusca Última Série e Série Ouro, e Kombi T2 que acompanharam e ajudaram com uma ou outra foto;
– Ao Sr. Alexander Gromow e a AE que confiaram nas pesquisas e colocaram o espaço disponível para a publicação dela.
Terminando a Parte 2 e final deste trabalho eu parabenizo ao André não só pelo trabalho em si como pela excepcional repercussão da Parte 1 que ultrapassou as 64.000 visualizações; uma quantidade de pessoas que ultrapassa em 20.000 a lotação do Estádio do Pacaembu, só para se ter uma comparação. Isto mostra que há espaço para trabalhos sérios e bem feitos sobre a história do Fusca nos dias de hoje.
Com esta já são três as matérias geradas pelo André Chun que eu tive a oportunidade de divulgar através de minha coluna no AUTOetusiastas, e a porta permanece aberta para trabalhos futuros.
AG
NOTA: Nossos leitores são convidados a dar o seu parecer, fazer suas perguntas, sugerir material e, eventualmente, correções, etc. que poderão ser incluídos em eventual revisão deste trabalho.
Em alguns casos material pesquisado na internet, portanto via de regra de domínio público, é utilizado neste trabalho com fins históricos/didáticos em conformidade com o espírito de preservação histórica que norteia este trabalho. No entanto, caso alguém se apresente como proprietário do material, independentemente de ter sido citado nos créditos ou não, e, mesmo tendo colocado à disposição num meio público, queira que créditos específicos sejam dados ou até mesmo que tal material seja retirado, solicitamos entrar em contato pelo e-mail [email protected] para que sejam tomadas as providências cabíveis. Não há nenhum intuito de infringir direitos ou auferir quaisquer lucros com este trabalho que não seja a função de registro histórico e sua divulgação aos interessados.
A coluna “Falando de Fusca & Afins” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.
Nota de alteração emitida às 19h50m do dia 25/09/2019
Como as pesquisas complementares permanecem em curso, vamos atualizando a matéria, como segue:
Atualizado o número de primeiros donos identificados para 36 sendo 35 funcionários da Volkswagen.
A tabela resumo da situação atual dos US “de funcionários” foi atualizada.
No parágrafo seguinte à tabela foram retirados os nomes de Henrique Onha e Roland Giljum.
Na segunda frase do subtítulo ‘O nono US é “de funcionários” foi retirada a frase: “Por não ter vindo com manual, não foi possível chegar ao seu primeiro dono. Como se trata de um carro em situação ativa, acreditamos que chegaremos a seu primeiro proprietário em breve”; esta frase foi substituída pela frase seguinte: “O carro em questão foi retirado pelo senhor Roland Giljum, número 45 da lista. Ele ficou com o carro ate 2007 (em nome da VW do Brasil)”.
Na primeira frase do subtítulo ‘O vigésimo-primeiro US é “de funcionários”’ foi acrescentada a seguinte parte: “mas o carro em questão foi retirado pelo senhor Henrique Porcel Onha que deixou da sua filha usar o carro no dia a dia. O carro foi vendido em 1996”. Sendo retirada a frase: “Até o momento não sabemos quem foi o primeiro proprietário.”
No subtítulo ‘Detalhes dos Fuscas US “de funcionários”’ foi acrescentada a diferença da isolação antirruído da parede corta-fogo nos US “de funcionários”, com fotos.