Na última matéria divagamos um pouco sobre os cupês, somente baseados em suas linha zero, vista lateral, que mostram como é o perfil do carro.
Hoje vamos continuar com eles hoje.
Como vimos, os cinco cupês escolhidos tinham mais ou menos o mesmo perfil.
Pois é, o perfil do carro é resultado do Package, ou seja, da posição dos elementos que compõem o carro, mais a posição ergonômica dos passageiros devidamente sentados no interior do veículo.
Na verdade, e se pensarmos bem, a diferença de um sedã eu um cupê, está praticamente no na região da coluna C (traseira), caindo ela mais vertical, no caso do sedã, e mais inclinada, no caso do cupê.
Não há muito o que inventar.
Porém, assim que assumimos um perfil lateral, podemos de maneira quase infinita criar linhas laterais de caráter que, essas sim, vão diferenciar um carro do outro.
Muitas marcas, as mais tradicionais, tem alguns parâmetros, ou características, que procuram a todo custo mante, para que a marca se identifique também por essas linhas.
As marcas mais arrojadas, ou mais novas, tentam “inventar novas maneira de esculpir a lateral do carro, de maneira inovadora.
Aproveitando os perfis desenvolvidos para a última matéria, resolvi observar como cada marca resolveu a forma, a escultura de sua lateral, e por consequência do seu corpo.
É importante entender algumas coisas básicas sobre a escultura de uma lateral.
Existem sempre quatro (ou mais) planos de trabalho.
Duas áreas de luz, uma que é a área envidraçada, que já na sua construção é uma superfície em forma de tonel, inclinada em relação ao solo (mais inclinada, mais esportiva, menos inclinada, mais área útil) e a área logo abaixo da linha dos vidros.
Depois uma área refletiva, que está na grande metade central e por fim uma área de sombra em toda parte inferior dos para-choque e nas soleiras de porta.
Outro fator interessante de notar é a horizontalidade ou não das linhas laterais. Elas podem ser “horizontais” (visualmente) ou em “cunha”, sempre mais baixo na frente e mais alto atrás, ou interrompidas, provocando acidentes visuais que são um chamariz, um “spot” que chama a atenção e encanta o cliente.
As linhas de caráter laterais são normalmente limites para uma mudança radical na superfície, causadoras da divisão ótica do corpo do carro.
Atrás de cada uma delas existe uma explicação lógica da forma final do carro.
Normalmente o jogo se traduz em: mais luz ou menos luz e reflexos na carroceria do carro.
VW Arteon
No Arteon a Volkswagen foi fiel àas suas linhas de construção tradicionais.
A linha de caráter que sai da parte superior dos faróis e vai, numa curva, em cunha subindo até a parte superior da lanterna traseira.
Embora a subida em cunha não seja muito acentuada, ela é bem marcante e divide a parte superior bem iluminada com a lateral em si, mais voltada para o horizonte e com menos incidência de luz.
É bem marcante também uma superfície, proporcionalmente grande, que sai do para-choque dianteiro e segue paralela ao recorte das caixas de rodas, até à parte inferior do para-choque traseiro.
Toda parte inferior da lateral fica numa área menos iluminada, com um vinco que limita esta “sombra” em mais ou menos um terço da área abaixo da linha de caráter principal.
Dentro desta área em sombra, então, foi criado um afiada zona de luz que atravessa as duas portas, desaparece na caixa de roda traseira e reaparece no para-choque traseiro, criando um boa “base de luz” para a parte inferior da lateral.
Desenho extremamente convencional, porém feito com uma precisão e qualidade que mesmo usando elementos clássicos deixaram o carro com uma escultura muito dinâmica e com uma percepção de moderno.
AUDI S7
O Audi S7 também tem uma linha de construção, muito parecida com o VW, que também vão de farol a lanterna, porém e mais suave e “desaparece” nas regiões próximas a caixa de roda.
De qualquer maneira, está linha que cria a principal divisão de luz e sombra, como um todo, no corpo do carro, porém com uma inclinação (cunha) menor que no VW.
No Audi, ainda sobre as caixas de rodas foram criadas duas zonas de luz, numa tentativa de um design mais dinâmico, com alguns elementos decorativos, porém calcados em elementos automobilísticos tradicionais, como “blisters” (bolhas) ou formas iluminadas que se apoiam nas caixas de rodas.
As caixas de roda, assim como as do VW, são bem marcadas, com um faixas de 40 ou mais mm de superfície planificada, que salienta o tamanho das rodas.
Da metade da lateral para baixo, existe um boa zona de sombra, onde foram criadas duas “linhas de luz”, uma paralela à soleira das portas e outra mais inclinada, subindo para a traseira com uma inclinação mais acentuada, buscando criar uma dinâmica de velocidade.
Acho que o nome “Sportback” caiu muito bem, acabando com a discussão, de é ou não é um cupê.
BMW M8
Na BMW temos uma solução bem diversa das usadas na Audi e VW.
A principal linha de construção trata-se da própria “belt line” que é a linha de base das vidros, formada pelo vértice da lateral com os vidro e que se estende à frente pelo capô e para trás, limita a coluna C e a lateral traseira.
Depois, uma linha que sai do para-choque dianteiro, corre acompanhando as caixas de rodas, neste caso formando uma “faixa” ao redor da abertura bem mais delicada que as usadas na VW e Audi.
Na parte posterior da caixa de roda sai uma segunda linha de caráter, em cunha acentuada subindo em direção à lanterna traseira e criando a zona de iluminação que corre no para-lama dianteiro, portas e lateral. traseira.
Na parte traseira dos para-lamas dianteiros, foi criada uma grande saída de ar do motor e dos freios dianteiros, de onde é gerado uma grande depressão na carroceria (portas) que forma sombra (na parte superior) e luz, (na parte inferior) e desaparece conforme avança para o fim do carro.
Para mim, a grande característica dos BMWs não está somente nas linha de construção ou sua forma, mas principalmente na proporção, no caso com ênfase na posição da cabine como um todo, que está bem “para trás”, com uma ótima distância entre o gap de abertura da porta dianteira e a caixa de roda dianteira, elemento típico dos esportivos de puro-sangue.
Mercedes C43 AMG
Realmente o grande elemento de base do desenho da Mercedes está na linha de caráter e no tratamento dado à superfície logo abaixo dela.
Na verdade ela é’ a linha limítrofe de um ”rebaixo” de formato dinâmico, que vai sumindo em direção à traseira.
Perceba que a linha superior do rebaixo e bem paralela ao solo e equidistante das caixas de rodas.
A faixa ao redor das caixas de rodas são bem discretas, a soleira, com sua superfície principal voltada para a luz, é paralela ao solo.
Porém, na porção inferior da lateral foi criado um degrau que continua na lateral traseira, que gera luz subindo em cunha acentuada.
Existem também “blisters” discretas sobre as caixas de rodas, acima da linha de caráter principal.
Porém, aqui sim temos o “feeling” de um cupê genuíno.
Além do mais, as proporções são ótimas: balanço dianteiro curto, grande distância entre eixos, cabine bem recuada e, é claro, somente duas portas.
Bentley Continental GT
As blisters, dianteira e traseira, sobre as caixas de rodas, substituem completamente uma “linha de caráter tradicional.
Aqui não houve a intenção de alongar propositalmente o carro através de linhas de caráter longas, mas inspiradas nos Bentleys clássicos, com uma nova interpretação de design.
Na parte inferior, uma saída de ar dos freios dianteiros cria um elemento, uma depressão que corre por toda parte inferior, e gera uma zona de sobra e luz, dinâmica e bonita.
Ainda, foi criado um friso, de alumínio polido, que cravado à superfície corre em cunha para a traseira até o fim da lateral do para-choque.
Aqui mais uma vez temos proporções de sonho, com rodas enormes e privilegiando conforto total para o motorista e seu passageiro dianteiro, cada um com sua porta, assim como deve ser um bom cupê de verdade.
E por aqui vamos ficando, com a impressão que mesmo com tudo que já foi feito, o automóvel vai continuar evoluindo, sempre trazendo novos formatos, materiais, novidades mecânicas e, principalmente, eletrônicas, nesta nova geração dos automóveis digitais.
Ate à próxima.
LV