Conheci o Bob Ellis através de redes sociais. Ele é o mecânico a quem a Volkswagen of America confiou, durante anos, a manutenção dos veículos de seu acervo histórico preservado num museu que em 2005 ficava na sua sede em Auburn Hills, Michigan, ao norte de Detroit. Como a Volkswagen americana foi um dos principais patrocinadores do “Herbie & Amigos – Cruzeiro Através da América” (Herbie & Friends – Cruise Across America), ela forneceu vários itens de apoio para o evento, um dos mais importantes o convite a Bob Ellis para seguir o comboio num trailer com peças e ferramentas para o suporte técnico ao carros no evento. O trailer tinha lugar para transportar eventualmente algum carro avariado, o que acabou não sendo necessário.
Os Estados Unidos é um país de dimensões continentais e “Herbie & Amigos – Cruzeiro Através da América” escolheu para a maior parte do percurso de costa a costa a icônica Rota 66, a rodovia que une Los Angeles a Chicago num percurso de 3.940 quilômetros, atravessando os estados Califórnia, Arizona, Novo México, Oklahoma, Kansas, Missouri e Illinois.
A Rota 66, estabelecida em 1926, foi retirada da malha viária das superestradas americanas em 1985, passando a ser um monumento histórico americano. O trânsito de outrora foi desviado para novas autoestradas que seguem um percurso semelhante. Mas a Rota 66 é uma rota icônica procurada por muitos saudosistas que a percorrem de carro e de motocicleta, disfrutando das curiosidades que pontilham o caminho, sendo muitas delas hoje cidades-fantasmas que só subsistiram durante o seu “reinado”.
Mas o percurso do cruzeiro continuou, passou por Ypsilanti, Auburn Hills, e Plymouth, todas cidades em Michigan, depois foi, com várias paradas, para a costa do Atlântico, chegando a Atlantic City, em seguida a Washington e terminando o percurso oficial do evento na cidade próxima de Manassas no estado da Virginia.
O cruzeiro todo durou três semanas no mês de maio de 2005. Durante todo o percurso várias concessionárias Volkswagen ofereceram apoio para o comboio, e o cronograma de escalas nelas foi o seguinte:
Dia 13 – 16h00 – Barber Volkswagen, de Ventura, Califórnia
Dia 14 – 17h00 – Volkswagen of Santa Monica, de Santa Mônica, Califórnia
Dia 17 – 10h30 – University Volkswagen, de Albuquerque, New Mexico
Dia 18 – 12h40 – Cable Volkswagen, de Oklahoma City, Oklahoma
Dia 18 – 17h15 – Brad Noe Autoplex, de Tulsa, Oklahoma
Dia 19 – 11h15 – Youngblood Volkswagen, de Springfield, Missouri
Dia 19 – 17h00 – Auffenberg Volkswagen, de O’Fallon, Illinois
Dia 20 – 18h00 – Team Volkswagen, de Merrillville, em Indiana
Dia 23 – 9h00 – Volkswagen of America, Inc., de Auburn Hills, MIchigan
Dia 23 – 16h00 – Ed Schmidt Volkswagen, de Perrysburg, Ohio
Dia 24 – 19h00 – Bilco Motors Inc, de Wexford, Pensilvânia
Dia 25 – 11h40 – Sharrett Volkswagen, de Hagerstown, Maryland
Dia 25 – 17h45 – King Volkswagen, de Gaithersburg, Maryland
Dia 26 – 11h00 – H.A. Boyd Inc., de Lebanon, Pensilvânia
Dia 27 – 12h00 – Y B H Sales & Service, Inc., de Edgemont, Pensilvânia
Dia 28 – 18h30 – Brown’s Manassas Volkswagen, de Manassas, Virginia
O grupo que percorreu todo este caminho foi formado por sete Karmann Ghias, um Fusca e duas Kombis Pick-Up, sem esquecer um Herbie original cedido pela Disney que nos trechos mais longos ia num trailer especialmente preparado para ele. Um luxuoso VW Phaeton, com motor W-12, também acompanhou o pessoal e ficou exposto nos diversos encontros.
Mas cada parada, seja em concessionárias ou em cinemas (para o lançamento do filme do Herbie), era um evento que reunia apreciadores da marca na região, houve trechos do percurso que contaram com a adesão temporária de mais de 40 carros. Todas as paradas foram divulgadas com antecedência pela imprensa local, que conclamou quem gostava de Volkswagen para ver o Herbie e os membros do comboio.
Agora vamos para o causo propriamente dito, e “senta que lá vem história”:
Herbie & Amigos – Cruzeiro Através da América
Por: Bob Ellis
A primavera americana de 2005 trouxe consigo uma das maiores aventuras da minha vida. Uma viagem do Pacífico ao Atlântico pela Rota 66, como técnico de suporte para a turnê Herbie & Amigos – Cruzeiro Através da América.
Em algum momento durante o inverno americano de 2004, a ideia de um cruzeiro transcontinental comemorativo, bem como sua continuação, uma viagem à Europa para ir à fábrica da Karmann em Osnabrück, Alemanha, para o 50º aniversário do Karmann Ghia, foi idealizada por Scott Dempster, proprietário da Karmann Ghia Parts and Restoration; A ideia de Scott evoluiu para uma experiência de vida para todos os participantes da viagem. Enquanto planos e preparativos estavam sendo feitos em ambos os lados do continente, os futuros participantes do comboio faziam as malas e ajustavam seus carros. Patrocinadores entusiasmados começaram a chegar; todos queriam fazer parte deste evento cross-country.
Meu envolvimento com ele era ser um técnico de suporte para todo o trecho americano do cruzeiro, mas o trabalho começou quando a neve ainda estava caindo em Michigan, com a atualização e manutenção do Karmann Ghia vermelho 1963 que seria dirigido por Clark Campbell, diretor de Marketing da Volkswagen of America. Este Karmann Ghia em particular fazia parte há anos da coleção da Volkswagen e precisava de uma boa revisão. Para manter Clark confortável e com estilo, ele sugeriu que fizéssemos algumas atualizações. Depois que uma “lista de desejos” foi feita, adicionei um conjunto de rodas de cinco raios polidos, uma ignição sem platinado, um coletor revestido de cerâmica e um conjunto de dois carburadores. Por fim, poucas horas antes do caminhão chegar para pegar o Karmann Ghia, uma trava de câmbio Berg que chegou pelo correio e um potente sistema de som oculto foram instalados.
Comecei meu primeiro dia de aventura bem cedo na manhã do Dia das Mães de 2005, 8 de maio, com destino à Califórnia, e depois voltei para Michigan pela Rota 66, daí para Manassas, na Virginia, e depois de volta para Michigan, após três semanas dirigindo — este é o resumo do roteiro. Viajar de carro pelos Estados Unidos foi uma experiência nova para mim e que sempre guardarei com carinho, e agradeço à Volkswagen of America, pelo uso do Eurovan Weekender para a viagem à Califórnia. O Eurovan seria então usado pela equipe de filmagem que estava fazendo um documentário sobre o evento.
Eu cheguei em Thousand Oaks, Califórnia, na manhã de 12 de maio, e fui ter com meu colega entusiasta e corredor de arrancadas, Jim Gillum. Jim e eu só nos conhecíamos pela internet, mas ele soube da minha próxima aventura e ele e sua adorável esposa, Nancy, ofereceram sua hospitalidade e eu fiz dois novos amigos.
De Thousand Oaks, fui para Beverly Hills, Califórnia, para me encontrar com Clark Campbell e conhecer a equipe de marketing da LaBov and Beyond.
Os eventos pré-cruzeiro começaram às 5 horas da manhã (ou seja, 2 horas da madrugada para nós do leste de Chicago) no dia 13 de maio. A programação consistia em mais de 50 Volkswagens alinhando-se ao longo do píer de Santa Mônica com o novo carro cinematográfico de “Herbie Fully Loaded” na frente. A maioria dos Volkswagens foi encontrada localmente por meio de membros de clubes de entusiastas, revendedores Volkswagen e fornecedores da indústria cinematográfica. Achamos que seria difícil conseguir aquele número de carros lá tão cedo, mas a meta de 50 carros foi superada. Com o Oceano Pacífico e o parque de diversões do píer ao fundo, o cenário era ótimo. Esse agrupamento no píer era um evento planejado para ir ao ar no programa “Good Morning America”, da rede de TV ABC, como parte das exibições promocionais do novo filme Disney Herbie Fully Loaded (NT: que no Brasil recebeu o equivocado título Herbie – Meu Fusca turbinado” e que tinha um motor aspirado!).
De Santa Mônica, o grupo se dirigiu para o norte até Malibu para uma sessão de fotos na praia com Herbie e alguns Fuscas locais, Kombis e, claro, Karmann Ghias.
O dia 14 de maio seria muito agitado com os preparativos dos veículos e atividades programadas no Karmann Ghia Treffen, um evento patrocinado por Scott Dempster e sua equipe na empresa Karmann Ghia Parts and Restoration em Ventura (hoje Airhead Parts). Levei uma hora ou mais para conferir os carros locais que compareceram ao evento e depois voltei para uma boa refeição e um sono muito necessário para recarregar as energias para as próximas duas semanas de viagem. Eu precisaria de meu descanso para puxar um trailer de apoio de 5,50 metros de comprimento, através do deserto, montanhas e ondas de cor âmbar de imensas plantações de grãos, mas fiz isso com muito conforto e facilidade com um VW Touareg V-8.
Muito obrigado à Sirius Satellite Radio por fornecer as músicas preferidas, assim ela manteve um nível de sanidade necessário, e que todos nós perdemos um pouco nesta aventura. Agora sou um assinante.
O dia seguinte foi passado no Karmann Ghia Treffen. Que ótimo trabalho a equipe da Karmann Ghia Parts and Restoration fez naquele evento. Foi lá que os proprietários do Karmann Ghia exibiram seus carros e estocaram peças sobressalentes com preços com desconto para a viagem de cross-country com partida marcada para o dia seguinte.
O cruzeiro rodoviário teve início oficial na manhã do dia 15 de maio, na concessionária VW Santa Mônica. Fiquei realmente surpreso e impressionado não apenas com o número de participantes, mas também com a qualidade de seus veículos.
Os entusiastas que estavam prontos para dirigir os carros em estado original e estavam ansiosos para fazer seus passeiros pelo país, e para alguns outros, que continuariam num navio com destino à Alemanha para as atividades de aniversário rumo à fábrica da Karmann em Osnabruck (NT: esta empresa naquele tempo ainda estava funcionando, a sua falência ocorreu em 2010).
Mas não foram apenas os vencedores do show que me animaram, foram os participantes que precisavam de uma ajuda, a pintura estava gasta, os banco precisavam de um revestimento novo e havia um ou dois vazamentos de óleo; mas esses motoristas também tinham algo especial: a paixão e o entusiasmo que parece fazer parte de todo proprietário de um Volkswagen antigo. Eu vi isso de um lado a outro do país. Esses carros parecem simplesmente sair de seu esconderijo, e a próxima coisa que você percebe e que você tem um grupo de pessoas à sua volta falando sobre seu hobby e às vezes de frustração, mas há um parentesco genuíno que é desenvolvido entre eles. E você, geralmente, volta para casa com uns novos nomes para adicionar à sua lista de amigos Volkswagen.
Nossas inúmeras paradas nas concessionárias Volkswagen foram ótimas para verificar os tesouros Volkswagen locais, enquanto os motoristas da região compareciam aos eventos nas concessionárias. Todas em que paramos ao longo de nossa rota trataram nosso comboio de uma maneira grandiosa e ofereceram gratuitamente boxes de serviço para quaisquer reparos ou manutenção necessários. E as concessionárias ainda ofereciam ao tour almoços e jantares diários quando estávamos em suas instalações.
A cada parada, a Volkswagen of America e a equipe da LaBov and Beyond montavam uma barraca, geralmente ladeada pelos trailers (que estavam convenientemente envelopados com dizeres e ilustrações referentes às comemorações que estavam sendo celebradas com o cruzeiro) e distribuíam presentes fornecidos pelos patrocinadores aos participantes locais.
Uma parada divertida em nossa viagem foi em Oatman, Arizona, onde fomos recebidos pelos burros selvagens que vagam livremente pelas ruas. Você começa a entender como o motorista europeu se sente quando alguém ouve falar de ovelhas obstruindo a estrada, mas os burros se movem em seu próprio ritmo em seu peculiar marasmo e, por isso, esperamos e apreciamos com humor aquela situação.
À medida que cruzamos as planícies do Arizona, alguns dos veículos exigiram um pouco de “TLC” (NT: Tender Loving Care – Cuidados Amorosos e Ternos) para manter o ritmo, mas nenhum grande atraso foi registrado. Na concessionária VW University, entramos em boxes de serviço para reparos de um grande vazamento de óleo e uma troca de alternador. O apoio das concessionárias nesta viagem foi a chave para o nosso sucesso.
Durante nosso cruzieiro por Oklahoma fomos muito bem tratados em uma parada memorável. Em Stroud, Oklahoma, paramos no Rock Café, um restaurante vintage que reivindica o direito de se gabar de ter o melhor pêssego ao forno de todos os EUA; sem argumentos de minha parte. Meu prato ficou limpinho…
Quando paramos no Rock Cafe, ficamos agradavelmente surpresos com a quantidade de residentes e Volkswagens antigos que compareceram ao evento. O tapete vermelho foi colocado para o Herbie, que acelerou o motor preparado pela “Quality German Autoworks” de 5.000 a 6.000 rpm, o que levantou a multidão que aplaudiu. Autógrafos foram assinados para a multidão e pôsteres do filme do Herbie foram distribuídos. Uma xícara de café para engolir o que sobrou do assado de pêssego e o comboio estava de volta à estrada. Foram as pequenas cidades e os habitantes locais entusiasmados que tornaram esta viagem um prazer especial de se fazer.
Dirigindo por Missouri, Illinois e Indiana choveu intermitentemente, pois parecíamos estar viajando junto com uma frente meteorológica, mas a frente passou e nós nos aprofundamos no interior do país. Uma vez em Collum, Illinois, avistamos um antigo posto de gasolina, um lugar perfeito para tirar fotos do nosso tour. Os carros foram cuidadosamente alinhados em frente das antigas bombas de gasolina restauradas e o pessoal começou a fazer fotos.
Todos os moradores saíram de suas casas e vieram ver os carros. Tive uma ótima conversa com a velhinha mais fofa que morava do outro lado da rua desde a virada do século. De repente, pelo portão do pátio do antigo posto de gasolina, emerge este senhor idoso que nos informa de sua coleção e nos convida a entrar na estação e em sua residência.
Entramos pelos antigos boxes de serviço para ver mais ou menos três carros antigos de 1930 e vários outros veículos, caminhões e até tratores. O lugar parecia uma cápsula do tempo com placas antigas e outros itens automobilísticos variados pendurados por toda parte. Fomos convidados a entrar para dar uma olhada nas “outras coisas”. Na casa havia itens colecionáveis em todos os lugares, principalmente relacionados a automóveis, exceção feita para o quarto de “bonecas” de sua esposa. Lugar assustador este quarto de bonecas, bonecas do chão ao teto, mas as senhoras gostaram.
A América não é realmente vista viajando-se pelas rodovias interestaduais, as Interstates, é preciso sair da grande faixa preta para encontrar tesouros e experiências como essas.
Depois de cruzarmos para Michigan, fizemos uma parada em Grand Rapids para o show automobilístico “Burn Survivors”, realizado no estádio local no centro da cidade. O presidente Bush também estava em Grand Rapids naquela manhã, o que causou algumas preocupações devido ao tamanho do nosso grupo, então tivemos uma escolta das autoridades locais até a área do show. O clube “Buses by the Beach” (Kombis na Praia) estava lá exibindo suas Kombis Westfalia, tipo motor-home, e foram premiados como o clube com o maior grupo de veículos no evento. Eles haviam roubado as honras do Mustang Club, que havia conquistado o título nos anos anteriores. Ser premiado com “clube de maior número de veículos no evento” é algo muito grande em um estado que é dominado pelo “metal de Detroit”. Bom trabalho das “Kombis na Praia”!
Recebemos alguns pacotes com lanches para a estrada e lá fomos nós para Ypsilanti, Michigan, para o banquete pré-show do Michigan Vintage Volkswagen Club (MVVC) e o show no dia seguinte.
No banquete MVVC, fomos contemplados com discursos do vice-presidente da Volkswagen da América, Len Hunt, de Tim Olind da Karmann EUA e uma apresentação detalhada e longa de Richard Troy do Karmann Ghia Club of North America. Após as apresentações, fomos conduzidos a uma sala com cortinas para o primeiro olhar público oficial no redesenho do New Beetle. Boas mudanças, sutis, que pareciam suavizar o design; uma boa surpresa para encerrar a noite.
No dia seguinte, acordamos com o céu nublado que ameaçava a necessidade de capa de chuva, mas os Volkswagens continuavam entrando na arena do evento. A chuva durou até a última passagem da revista dos Karmann Ghias, realizada na barraca fornecida pelo patrocinador principal do show, a Volkswagen of America. Durante o dia, um grupo de carros formou num gramado, copiando o estilo do número 53 do Herbie, o número 50 para comemorar o 50º Aniversário da Volkswagen of America.
Passei o dia detalhando os veículos trazidos da coleção que fica na sede da Volkswagen of America, verificando as trocas e contando histórias da minha viagem até então para meus amigos do clube. O MVVC transformou seu evento em um tipo de peregrinação imperdível que nenhum apreciador de Volkswagen de raiz deveria perder. Confira seu novo site do MVVC em www.mvvc.net .
Na manhã seguinte, fomos convidados para o café da manhã na sede da Volkswagen of America e para um tour privado pela coleção do museu. Veja algumas fotos deste museu (Fotos: Jim Kikuchi)
Clark Campbell deu uma visão detalhada de carro a carro para os participantes, após a qual os participantes do cruzeiroposaram para uma foto em grupo em torno do Karmann Ghia 1963 da coleção em que Clark tinha acabado de participar da maior parte do cruzeiro:
Os carros que estavam participando do cruzeiro receberam placas de confirmação deste fato, como é mostrado na foto abaixo do painel do Karmann Ghia 1963 do museu:
Em um ponto do museu há um singelo memorial dedicado a Ferdinand Porsche e a Heinrich Nordhoff:
Scott Dempster então presenteou todos com um bloco de cristal gravado a laser, significando a conclusão desta etapa do cruzeiro. Clark Campbell presenteou o grupo com bonés e livros do 50º Aniversário. Os bonés são raros e apenas cem foram feitos. Se você tiver um, considere-se com sorte. Os participantes do cruzeiro Phillip e Catherine presentearam Clark com uma echarpe tricotada à mão para o acervo do museu.
No estacionamento, eu tive a oportunidade de levar a colunista da revista Hot VW, e boa amiga, Lynn Anderson, para um cruzeiro um tanto animado e mostrar os talentos do Herbie nas corridas de arrancada. Aumentei a rotação do motor para aceitáveis 3.500 rpm e soltei a embreagem de vez. O Herbie tinha muita potência e conseguiu marcar o piso com borracha em duas marchas. Lynn segurou firme enquanto voávamos pelo estacionamento. Muito legal!!!
Partimos para a casa da Karmann USA, em Plymouth, Michigan, onde nos foi servida outra refeição e um minitour por suas novas instalações, bem como um drive thru pela fábrica com os veículos do cruzeiro. Eu até fui direto com o Touareg e o trailer. A Karmann USA presenteou o grupo com outro bloco de cristal como um agradecimento pela visita. Veja algumas fotos desta visita (Fotos de Jim Kikuchi):
Era hora de nos despedirmos de Michigan e continuarmos porque ainda tínhamos que chegar ao Atlântico. Viajamos para Akron, Ohio, onde assistimos a um jogo de beisebol da liga secundária; lá um de nossos patrocinadores convidou centenas de crianças de uma escola local para um dia livre no estádio com o Herbie. A empolgação das crianças foi avassaladora quando Herbie foi puxado para perto da arquibancada. Aquele carrinho faz algo mágico para as crianças, assim como fazia comigo quando eu era criança e meu pai me levava para ver os primeiros lançamentos de “Herbie” em seu Fusca 66. Juro que papai dirigiu seu besouro mais rápido no caminho do cinema para casa naquele dia. Obrigado, papai, essa impressão deixou algo em mim que despertou um amor para toda a vida, uma coleção e agora uma profissão.
O jogo terminou no 5º inning (entrada) e seguimos os ônibus cheios de crianças de volta para a interestadual e depois continuamos para o nosso próximo destino do percurso.
Na Pensilvânia, passamos por Hershey, a cidade com o melhor cheiro do país. Ao passarmos pela fábrica de chocolate, o cheiro espalhou-se por nossos carros. É um tipo de cidade turística bacana com ônibus de turismo em estilo bonde passando por toda parte. As luminárias dos postes são na forma dos bombons Hershey-kisses! E aquele aroma de chocolate!
Mais tarde naquele dia, entramos em Maryland para visitar o campo de batalha de Harpers Ferry e Antietam para algum tempo “fora da sela”. Antietam é o local da batalha mais sangrenta da Guerra Civil. O lugar tem uma sensação estranha, como se uma essência do evento ainda existisse. Um dia na História de nossa nação que nunca devemos esquecer; mais homens morreram naquele dia do que em qualquer outro dia da Guerra Civil.
Saindo de Maryland, entramos de volta na Pensilvânia para Gettysburg para uma hora de descanso e outra caminhada por um famoso campo de batalha da Guerra Civil e, depois, fizemos uma parada em uma concessionária Volkswagen.
De volta a Maryland, em Baltimore, dois de nossos companheiros, Larry Edison e Brent Phillips, tiveram que partir para carregar seus carros em um navio com destino à Europa para continuar o trecho europeu da viagem com destino à Karmann em Osnabrück. Despedimo-nos de mais amigos e desejamos-lhes uma boa viagem. Agora, Larry que havia projetado a rota e havia sido nosso carro-líder até então, se despediu, estaríamos perdidos sem ele? Steve Hollingsworth e Deana Reese assumiram a liderança depois disso. Lembramos que Steve e Deana foram os planejadores do famoso “Cruzeiro de Berg” nos últimos anos, então estávamos confiantes de que estávamos em muito boas mãos.
Nossa próxima aventura nos levou a Washington, DC. Como o destino quis, logo no fim de semana do Dia do Trabalho. Acho que posso falar por toda a turnê quando digo que não estávamos prontos para Washington, DC. Não sabíamos que Washington é uma espécie de Meca de motociclistas, mais ainda no fim de semana do Dia do Trabalho! A capital estava revestida de couro preto das jaquetas dos motociclistas. Em suma, a cena era legal de se olhar, mas tentar dirigir lá e rebocar um trailer de 5,50 metros de comprimento e tentar acompanhar o comboio pelas ruas da cidade era mais do que desesperador, era insano. Naquela noite, finalmente chegamos ao Atlântico e nossa jornada de costa a costa foi concluída!!!
Nossa última parada na concessionária foi na concessionária VW de Manassas, na Virgínia. Quando chegamos a esta última concessionária, não tínhamos necessidade dos boxes de serviço que nos tinham sido oferecidos, pois havíamos gerenciado todas as manutenções e reparos necessários enquanto rodávamos pelo país. O trailer nunca transportou um carro durante todo o caminho, e muito poucas das peças sobressalentes que transportamos foram usadas. Os problemas se resumiram a algumas situações de falta de gasolina, porcas de eixo soltas, um alternador, motor de arranque, vazamentos de óleo (alguns graves), platinados e reconstrução de carburadores em estacionamentos de hotéis. Um pino de suspensão quebrado, mola de válvula quebrada e algum trabalho tarde da noite em uma bucha de suspensão dianteira, foi tudo o que enfrentamos.
Os agradecimentos vão para os que participaram do cruzeiro— muitos que se uniram em partes do trecho, quer você tenha acompanhado o comboio por uma milha ou vários milhares de milhas — sendo que o percurso total foi de aproximadamente 3.300 milhas, ou seja, 5.310 quilômetros! Às pessoas que ajudaram ao longo do caminho com as peças quando precisávamos e os concessionários que nos deram liberdade de ação em suas instalações para reparos e nos ofereceram lanches. E não podemos esquecer os patrocinadores do evento seus esforços e contribuições fizeram deste cruzeiro histórico um sucesso.
Agradecimentos especiais vão para Scott Dempster pelo sonho, Clark Campbell pela incrível oportunidade e a todos os participantes do cruzeiro que tornaram esta viagem memorável; amigos para sempre.
Os patrocinadores deste cruzeiro de costa a costa foram:
Volkswagen of America Inc.; The Walt Disney Company; Airhead Parts.com (antiga Karmann Ghia Parts and Restoration); Ventura Warehouse group; Goodyear Tire & Rubber; Sirius Satellite Radio; Nextel; vwvortex.com; Quality German Auto Parts; e Sewfine Interior Products.
Aqui cabe o agradecimento especial ao Bob, aliás Robert, Ellis. O contato com ele foi feito por telefone, Facebook e e-mail. Ele é uma das pessoas especiais no cenário de apreciadores de Volkswagen nos Estados Unidos. Uma vida dedicada aos carros da marca, seja aos dele próprio, de amigos e em especial aos carros do Museu da Volkswagen of America.
Para mim este primeiro, — e gigante,— causo internacional foi um grande aprendizado sobre os Estados Unidos, já que esmiucei a Rota 66 e os demais lugares por onde eles estiveram.
Certamente um megaevento como este daria facilmente um livro; material o pessoal tinha. No nosso caso, mesmo tendo ficado grande este relato do Bob Ellis certamente irá chamar a atenção pelo inusitado do evento em si. Singrar os Estados Unidos de costa a costa, percorrendo mais de 5.000 quilômetros equivale a cortar o Brasil do Oiapoque ao Chuí!!!
AG
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