A década de 50 mostrava um panorama muito interessante para os automóveis nos Estados Unidos. Com o final da Segunda Guerra Mundial cinco anos antes o país mergulhava em um momento de total prosperidade e riqueza. Muitos empregos foram gerados e a economia crescia de maneira excepcional.
Esse novo estilo de vida seguido do baby boom pedia também um novo tipo de carro. O departamento de design e engenharia da Chevrolet não demorou para pensar em algo que concretizasse essa ideia em um desejado roadaster. Dois lugares, como os melhores modelos europeus, mas um estilo bastante próprio com linhas rebuscadas e personalidade.
Dessa forma, em 1953, nascia o Corvette. A inspiração veio também da água, como sugere o nome. Logo que chegou ao mercado ele chamou atenção pelo desenho e também pela leveza, um compósito de plástico reforçado com fibra de vidro. Na propaganda de época a carroceria aparecia sendo carregada facilmente separada do chassi, demonstrando assim a já citada leveza e praticidade.
Inicialmente a marca optou por utilizar o motor de seis cilindros em linha, chamado de Blue Flame, de 235 polegadas cúbicas ou 3,85 litros. A ideia em tese era muito boa mas o público consumidor não gostou da configuração. Em 1954 a Ford lançaria o Thunderbird, um concorrente extremamente forte e com motor V-8, de 292 polegadas cúbicas ou 4,8 litros que acabou rechaçando o ‘Vette nas vendas.
A questão do motor V-8 seria resolvida no ano seguinte e, a partir daí, ele escreveria sua história de maneira extremamente bem-sucedida no mercado. Durante a década de 1960 o modelo se desenvolveu ainda mais. Na verdade ele se tornou com o passar dos anos o supercarro do norte americano médio, ou seja, aquele modelo com desempenho otimizado e que poderia ser comprado por um trabalhador comum. Essa questão é tão importante para a General Motors que até hoje a versão de entrada começa nos US$ 60.000.
Mas hoje é dia de falar da quarta geração, a minha preferida. Ela foi lançada em 1983 e marca uma mudança importante na história do modelo com adoção de alumínio na suspensão e novas tecnologias. O motor 350 V-8 (5,7 litros) entregava 230 cv e o estilo ficou imortalizado através de séries de TV e também no cinema.
Aqui cabe um adendo sobre uma das séries onde o C4 brilhou. No eletrizante “Esquadrão Classe A” ele era o carro do galã do grupo de mercenários, o Cara de Pau, personagem interpretado pelo ator Dirk Benedict. Sem dúvida nenhuma a van GMC sempre roubava a cena durante as perseguições, mas o Corvette com a característica faixa vermelha na lateral também teve seus momentos de gloria.
Este exemplar da nossa matéria traz o pacote Z51. Esta opção trazia diferenças substanciais nos amortecedores com o conjunto da Bilstein, além de rodas de 9,5 polegadas, caixa de direção mais rápida e também o radiador de óleo. Sem dúvida que eles sabem fazer pacotes esportivos nos Estados Unidos.
Mas como sempre eu mostro aqui, a melhor parte é dirigir os clássicos. Esse Corvette, em especial, quase pedia um acessório típico dos anos 80: a viseira. Deixamos de lado. Um dos destaques é o teto targa translúcido, um toque interessante para captação de sol e também com um estilo bastante próprio do modelo.
Ao girar a chave o som do clássico motor V-8 de 5,7 litros sobressai. E nessa geração o modelo evoluiu e teve versões bastante distintas. Uma delas, ZR-1, enfrentava de igual pra igual os modelos europeus, com mais torque e potência. Mas nesse caso nós temos “apenas”, como citado, 230 cv, um pacote perfeito pra curtir o final de semana.
Vale ressaltar nesse carro o câmbio manual Doug Nash 4+3, com overdrive em 2ª, 3ª e 4ª marchas. Basicamente, com exceção da primeira, as outras três podem ser utilizadas com overdrive 0,68:1. A segunda normal é 1,91:1, com overdrive passa a 1,30;1; a terceira, 1,34:1, e com overdrive, 0,90:1; e a quarta, que é direta (1:1), com overdrive fica 0,68:1. Na prática são sete marchas e o recurso é ativado através de um botão no console central.
Esse tipo de câmbio acabou não se popularizando devido ao seu funcionamento. Em meados da década de 90 o modelo ganhou um câmbio manual ZF de seis marchas e a questão foi resolvida. Além disso a opção de câmbio automático sempre esteve disponível e, como sabemos, também agrada quando a ideia é curtir o carro.
Para fechar vale dizer que a dirigibilidade somada ao ronco do V-8 em funcionamento faz com que qualquer passeio de fim de semana se torne extremamente agradável. Sem dúvida nenhuma, prezados leitores, este carro está na minha lista de desejos.
Até a próxima semana!
GDB