O homem, que está atrás desta ideia é Howard Davis, de Avon, Massachusetts, nos Estados Unidos, é uma pessoa que desde cedo desenvolveu um grande interesse por telefonia e comunicação em geral, tanto que tem um museu particular dedicado ao assunto.
Desde os oito anos de idade, Howard Davis coleciona telefones exclusivos e itens relacionados. Em sua coleção de mais de 4.000 peças, há de tudo, desde o mais ínfimo telefone em forma de joia até o maior, o “Phone Car” – que é o Fusca-Fone, motivo desta matéria.
Foi em 1983 que a ideia de fazer um Phone Car foi posta em prática. Primeiro veio a escolha do design e aí o modelo escolhido foi o de um telefone de teclas da década de 70 como o da foto abaixo:
O ponto de partida para este projeto foi um Fusca ano 1975, obviamente usado que foi comprado por 125 dólares, e pelo que se pode ver na foto ainda estava em boas condições:
A carroceria foi removida, então apenas o chassi rolante do Volkswagen (chassi, motor, transmissão e rodas) foram usados para construir este “Art Car”. A carroceria do Phone Car foi fabricada sob encomenda na área de Boston pelo artesão Dave Huntress. Todo o projeto levou um ano e meio para ser concluído. O carro finalizado foi pintado de vermelho-maçã para chamar a atenção. Essa também era uma das cores padrão oferecidas quando o telefone era usado para ligações especiais — os famosos telefones vermelhos.
O Phone Car foi fabricado com folhas de alumínio soldadas e conformadas para dar uma aparência de plástico moldado, já que o telefone de mesa que foi usado como modelo para esta construção era de plástico moldado.
Na foto de abertura vimos a frente do Phone Car, mas como é a sua traseira? Na foto abaixo este segredo é revelado, foi usada uma versão um pouco mais espichada do que a do telefone que serviu como modelo, para alojar o motor:
Ao contrário de alguns Art Cars que estão sempre em evolução, o Phone Car é considerado uma obra de arte finalizada. É dirigível, tem permissão plena para trafegar em cidades e por estradas e tem uma placa que diz “PHONES” (telefones é claro!). Quando a buzina é tocada, ela toca com o som da campainha (trin…) como um telefone antigo, detalhe que pode ser conferido num vídeo que será apresentado adiante. Alguns anos depois que este carro artístico foi construído, um traje de super-herói foi criado como uma espécie de adição irônica. E eis que … nasceu o Teleman! Ele não tem muitos superpoderes, mas certamente pode consertar telefones; sim, pois o Howard Davis é proprietário da Datel Communications, uma empresa de telefones local e tudo sobre telefonia é a sua especialidade.
Acho que para alguns de vocês já deve ter surgido a pergunta: como é que se dirige o Phone Car? A placa preta dianteira do Phone Car, onde se podem ver os números do telefone, é de vidro temperado de segurança espelhado — que não dá visão para o interior do veículo, mas de dentro para fora a visão é normal. A visão é ligeiramente obstruída pelos botões (que são colados no vidro), mas é possível ver claramente ao redor deles enquanto se dirige. Abaixo uma foto recente do Howard Davis entrando em seu Phone Car ilustrando a questão da visibilidade:
Para quem estiver curioso para ver o Phone Car em ação apresento o vídeo (01:26) elaborado pela WCBV TV, feito originalmente num formato quadrado (4:3):
Restauração do Phone Car após uma tragédia
Em janeiro de 2011, uma tragédia aconteceu quando o telhado do prédio onde o Phone Car estava armazenado, desabou devido a uma forte tempestade de neve e ao peso não previsto da neve acumulada no telhado. Apesar dos grandes danos, o Phone Car foi resgatado e restaurado, estando em perfeitas condições!
Apresento as fotos dos danos e da restauração. Assim é possível ver alguns detalhes construtivos do Phone car. Uma das curiosidades que eu tinha até então era como o fone do telefone tinha sido feito. Pois é, ele foi amassado durante o colapso do telhado daquele galpão e em sua restauração foi possível ver que o gancho também foi artisticamente conformado em alumínio! As fotos abaixo são do site thephonecar.com:
Mas o que são Art Cars?
A Wikipédia nos diz que um Art Car — carro artístico — é um veículo que teve sua aparência modificada como um ato de expressão artística pessoal. Carros de arte costumam ser dirigidos e pertencer a seus criadores.
A maioria dos artistas automobilísticos são pessoas comuns sem nenhum treinamento artístico. Os artistas são em grande parte autodidatas e autofinanciados, embora alguns artistas treinados também tenham trabalhado no meio do carro de arte. A maioria dos artistas automobilísticos concorda que criar e dirigir um carro artístico diariamente é sua própria recompensa.
Exemplo de artistas famoso participando de Art Cars: artistas como Roy Lichtenstein, Andy Warhol e outros projetaram BMW Art Cars e seu trabalho se refletiu em carros de corrida como o BMW V12 LMR.
O “nosso” Phone Car participou do filme “Automorphosis” (disponível no Netflix dos Estados Unidos) que apresenta uma série de Art Cars, contando um pouco de suas histórias.
Abaixo, ,o trailer deste filme (02:01) cuja descrição é a seguinte: “E se você pudesse transformar seu carro em uma obra de arte móvel e conduzi-lo pela estrada para que todos possam ver? Siga uma deliciosa coleção de excêntricos, visionários e apenas pessoas simples que transformaram seus automóveis em obras de arte. Em uma viagem humorística e tocante, descobrimos o que impulsiona seu processo criativo e no final descobrimos que um carro de arte tem o poder de nos mudar e alterar nossa visão de nosso mundo cada vez mais homogêneo.”
O Phone Car foi construído para ser usado como parte de uma exibição de feiras comerciais. Depois ele foi retirado de feiras e passou a ser usado em desfiles e eventos, tendo inclusive, por exemplo, participado em 2008 do conhecido festival “Burning Man” no deserto de Nevada. Ele permanece “na ativa” até hoje.
Apesar de sua aparência inusitada ele nunca foi parado por policiais para uma inspeção, se foi parado o foi para os guardas tirarem fotos.
Estamos na semana do Natal e eu aproveito para desejar a todos Boas Festas e um Feliz Ano Novo.
AG
Esta foi mais uma matéria que começou com uma foto vista na internet, no caso no Facebook. Depois eu fui pesquisando o assunto para compor a matéria.
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