Ontem, voltando da curva AE, onde eu e o Márcio fomos fotografar e gravar vídeo do Renault Duster Iconic com motor TCe, o turbo de 1,3 litro, além dirigi-lo na Estrada dos Romeiros, ao pegar na volta para casa a av. 23 de Maio, parte do eixo norte-sul da cidade de São Paulo, fiquei chocado com a nova “arte” da prefeitura paulistana pelas mãos Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-SP), esta subordinada à Secretaria Municipal de Transportes. Eu já tinha ouvido falar dela, mas nunca havia sido apresentado a ela: a faixa exclusiva para veículos de duas rodas — melhor dizendo, para motomensageiros e motoentregadores.
Algo surreal, totalmente estranho, aquela faixa estreita em meio às normais (foto de abertura) — normais em termos, são mais estreitas do que deveriam, outra “arte” da “competente” engenharia de tráfego da cidade. Ou seja, são “artes complementares”. Como? Explico.
As faixas de rolamento têm largura regulamentada pelo Manual de Desenho Urbano e Obras Viárias da Prefeitura de São Paulo, elaborado pela CET com base no manual “A Policy of geometric designs of highways and streets”, da AASHTO, ou Associação Americana de Autoridades Estaduais de Rodovias e Transportes na sigla em inglês.
Por exemplo, nas vias arteriais como a citada, as faixas devem ser de 3,5 metros de largura. Mas a “inteligência” da CET concluiu que reduzindo a largura das faixas seria possível a via ganhar uma. Hoje não precisa ser bom entendedor de trânsito para constatar que a maioria das faixas ficaram estreitas demais. A propósito disso diz o Manual: “Desejavelmente, vias arteriais com velocidades entre 60 km/h e 80 km/h devem ter faixas com largura de 3,5 m. Quando a largura das faixas é menor, os motoristas necessariamente se adequam a uma distância lateral menor em relação aos demais veículos, reduzindo a velocidade.” É mesmo, dona CET?
Portanto, o estreitamento das faixas levou à perda de fluidez do trânsito da capital e, pior, dificultou enormemente ou passou a impedir a passagem de veículos de serviço público, como ambulâncias, quando o tráfego fica congestionado. Mas tem mais.
Com a largura das faixas preconizada pelo Manual da CET uma motocicleta passa sem nenhuma dificuldade pelo que se convencionou chamar de “corredor”. Quando as faixas começaram a ser estreitadas o “corredor” deixou de existir ou ficou impraticável. Daí aconteceu o que todo mundo sabe: de espelhos arrancados a acidentes, passando pela “engenharia!” dos motomensageiros e motoentregadores de reduzir a largura do guidão para passar mais fácil pelo que restou do corredor e com isso a largura dos espelhos também diminuiu, prejudicando em muito a essencial retrovisão.
E agora essa oficialização tresloucada do corredor. Em vez de se resolver um problema criou-se outro.
A solução
A solução para atender às necessidades de mobilidade das motocicletas é simples, pueril até:
- Voltar a largura das faixas de rolamento da cidade às determinadas pela lógica (e pelo citado manual da CET);
- Remover toda a sinalização catadióptrica (“olho de gato”) colocadas para sinalizar as linhas demarcatórias das faixas de rolamento, que golpeiam contra os pneus das motos, fora que são itens para rodovias, que obviamente não têm iluminação pública, nunca para as cidades;
- Coibir o excesso de velocidade das motos com os meios de controle fartamente conhecidos, inclusive nos corredores mesmo que trânsito esteja parado, situação especial em que o limite de velocidade passa a ser de 20 km/h independente do limite postado na via.
É simples ou não? O que o cidadão-leitor ou cidadã-leitora do AE acha?
BS