Sábado passado (16) publiquei uma notícia surpreendente para mim, motivo de tê-la publicado, que foi a Toyota¨dos EUA ter resolvido aplicar um câmbio manual de seis marchas no cupê esportivo Supra. Isso na terra do câmbio automático é surpreendente. Mais ainda com expressões da mídia especializada americana como “Finalmente!”. O lançamento lá está confirmado será neste 28 de abril. Dois dias atrás a Honda anunciou planos para o Brasil e eles incluem a importação do Civic Type R — com câmbio manual.
Continuam a haver algumas versões de câmbio manual nas linhas Fiat GM,, Hyundai, Renault, Volkswagen e Toyota, embora relegadas àquelas mais simples. Quem quiser comprar um carro topo de gama não pode ter câmbio manual. Há um nítido conceito na indústria daqui, que já contaminou a rede de concessionárias, em que câmbio automático é luxo e quem quer luxo não quer saber de câmbio manual.
Já comentei aqui um caso que ilustra bem essa questão da “contaminação”, mas vale repetir. Um grande amigo (antes leitor), quis comprar um Jetta GLI. Foi a uma concessionária e perguntou se tinham versão manual. Com a resposta não, amigo perguntou em quanto tempo viria um se encomendado à fábrica. O vendedor disse que Jetta só automático, e completou perguntando, “o Dr. vai se sujeitar a passar marchas num Jetta GLI?”.
Como diz o título desta coluna, câmbio, quanto a tipo, é uma questão mais filosófica, do que técnica. Técnica, para dar um exemplo é o utilitário militar americano Hummvee ser automático e não manual. O motivo técnico é os jovens americanos, em sua maioria, não saberem dirigir carro manual. e não é no campo de batalha que irão aprender.
Filosófico é achar que as trocas de marcha não precisam ser automáticas, podem ser feitas manualmente sem o menor problema, além de ser agradável ser dono absoluto do processo de conduzir um automóvel e que operar três pedais e manusear uma alavanca não constitui nenhuma desonra ou “sujeição”, como disse o vendedor da concessionária VW.
Será que algum proprietário de Ford Galaxie 500 achou ruim dirigir um assim que o modelo foi lançado em 1967? Ou que dirigir o FNM 2000 JK, de 1960, era se “sujeitar” a passar (cinco) marchas?
Quem aprecia câmbio manual e tem algum conhecimento da técnica do automóvel sabe o câmbio automático é bem mais complexo do que um manual, e que mesmo com a impressionante evolução dos automáticos nos último dez ou quinze anos, estes não proporcionam a mesma paz de espírito do câmbio manual. E por ser mais complexo é inevitável ser mais caro.
Os câmbios manuais atuais são um primor nas trocas de marchas em termos de precisão e leveza do engate de marchas, combinando-se com cargas do pedal de embreagem bem baixas. No trânsito congestionado o “sacrifício” do câmbio manual passou à história.
Um suve dos mais prazerosos que dirigi foi o VW T-Cross 200 TSI manual, versão que não existe mais. Tenho impressão que a indústria automobilística local perdeu o foco, bem exemplificado no Polo e Virtus GTS serem exclusivamente automáticos, mesmo caso do Hyundai HB20 Sport com motor TGDI (turbo de injeção direta) de 1 litro, 120 cv, com câmbio. só automático. Mas tanto a fabricante sul-coreana quanto a GM oferecem versões 1-litro turbo com câmbio manual (HB20 Platinum e Onix 1,0 Turbo, só primeiro tem injeção direta). Menos mal.
Se muitos apreciam câmbio manual e muitos não gostam de câmbio automático, a direção da indústria automobilística aqui instalada está errada.
BS