REVISITA: NISSAN VERSA EXCLUSIVE

O novo Nissan Versa chegou ao mercado no primeiro ano da pandemia da Covid-19, em 28 de outubro de 2020. A imprensa teve oportunidade  de conhecê-lo de perto e experimentá-lo no dia 22 no autódromo do Haras Tuiuti o que resultou em matéria aqui no AE. Quem a leu viu que o que o sedã topo de linha Exclusive me agradou bastante, mas ficou faltando a avalição normal dessa versão durante sete dias. Num autódromo não se vê ou se sente tudo num carro.

Tentamos, mas foi um período difícil para as fabricantes, estávamos em plena pandemia, não conseguimos obter um Exclusive para essa finalidade, Mas no início de dezembro a Nissan nos conseguiu a versão de entrada Sense com câmbio manual, que foi testada pelo Gerson Borini. O tempo passou e ficou a dívida, saldada agora com essa revisita e que é válida, visto que não houve nenhuma mudança no modelo.

As três versões e preços do novo Versa são (preços por ocasião do lançamento entre parênteses):

Sense manual 5-marchas, R$ 94.980 (R$ 72.990) e automático CVT, R$ 101.990 (R$ 77.990)
Advance automático CVT, R$ 110.090 (R$ 83.490)
Exclusive automático CVT, R$ 122.990 (R$ 92.990)

Na citada minha matéria de lançamento eu comento que o espaço para pernas no banco traseiro diminuiu em relação ao modelo anterior e a foto “eu atrás de mim” mostra isso. Porém notei, na foto, que o encosto do banco dianteiro estava muito inclinado e disse que numa próxima avaliação eu repetiria a foto. Ei-la:

A revisita

Ratifico tudo o que eu disse na minha matéria, mas cabe destacar alguns pontos. Para um sedã familiar o motor 1,6-L de aspiração atmosférica está de bom tamanho. Pode parecer pouco potente com seus 114 cv, com gasolina ou álcool, mas o fato é que é bastante suave, econômico e movimenta bem o Versa. Acelerar de 0 a 100 km/h em 10,7 segundos é longe de indicar um carro lento, muito menos atingir 180 km/h. E não tem sistema auxiliar de partida a frio por injeção de gasolina. Lanças aquecedoras em cada linha de combustível elevam a temperatura do álcool para propiciar a necessária vaporização.

O câmbio CVT Jatco, XTRONIC, é básico, sem trocas manuais, havendo apenas a posição L na alavanca seletora desativar as marchas mais longas para proporcionar freio-motor. Não é informado número de marchas, mas com um espectro (divisão da marcha mais curta pela mais longa) de 8,746:1, há certamente sete marchas. Estas vão sendo trocadas automaticamente à medida que o carro ganha velocidade, o que a Nissan chama de D-Step, degraus em Drive. As trocas ocorrem tanto em carga parcial quanto em TPS 100 (acelerador todo aberto), nesse caso a 6.000 rpm, 400 rpm acima do pico de potência. A resposta à aceleração súbita e total (kickdown) é imediata e substitui plenamente as trocas manuais. Para quem ainda tem o hábito de reduzir marcha antes de uma curva, mover a alavanca para L produz o efeito. Há ainda uma programação S, acionada por interruptor na manopla da alavanca, e seu conhecido efeito de tornar as trocas do D-Step mais rápidas.

Clique nas fotos com o botão esquerdo do mouse para ampliá-las e ler as legendas

Com v/1000 na marcha mais longa (0,458:1) de 64,9 km/h, a 120 km/h “GPS” (velocidade verdadeira) o motor gira a 1.850 rpm. Próprio do câmbio XTRONIC (usado nos Renault também), a primeira marcha se vale de uma engrenagem epicíclica, que leva a uma pronta saída mal se toca no pedal do acelerador. É bem agradável. E o conversor de torque bloqueia-se ao veículo atingir 60 km/h.

Consumo e rodagem

O consumo de combustível de homologação é 11,7/8 km/l na cidade e 13,8/10 km/l, na estrada. O carro estava com álcool e o consumo sempre foi melhor, como 8,5 km/l no uso urbano e 10,8 km/l no uso rodoviário. Mesmo com o diminuto tanque de 41 litros o alcance com álcool é razoável, como 350 km na cidade e 443 km em viagem. Com gasolina vai-se mais longe,  480 km e 565 km, respectivamente. Um tanque 50 litros certamente seria aplaudido, os alcances aumentariam 22%, como quase 430 km na cidade (álcool) e quase 700 km na estrada com gasolina,

Ponto realmente alto no Versa é a rodagem, tanto em conforto quanto em comportamento dinâmico. A definição dos parâmetros de suspensão — constantes das molas, carga dos amortecedores na compressão e distensão, complacência das buchas, não poderia ser melhor. Realmente, um belo trabalho de engenharia da suspensão dianteira McPherson e traseira por eixo de torção. Contribuem para o resultado da excelente dinâmica de curva os pneus 205/50R17V ante 195/55R16H, sem que o perfil mais baixo tenha afetado o conforto.

No trem dianteiro do novo Versa, a relação de direção baixou de 17:1 para 15:1, facilita bastante o dirigir — as voltas entre batentes caíram de 3.4 para 2,6 voltas. Outra mudança importante foi aumentar o cáster em 30%, não só aumentando a estabilidade direcional, que já era boa, como dando mais câmber negativo na roda externa á curva, reduzindo o subesterço a praticamente zero.]

Andando em velocidade  de autoestrada, baixando o vidro da minha porta há pouco ruído de vento, denotando bom fluxo de ar pela carroceria. E falando de vidro, olhar pelo para-brisa e não ver os limpadores de para-brisa em posição de repouso é muito bom.

O que falta

Faltam no novo Versa luz de rodagem diurna (DRL), luz traseira de neblina, faixa degradê no para-brisa, saída de climatização para o banco traseiro, iluminação nos para-sóis e no porta-luvas, vidros de acionamento elétrico um-toque descida/subida em todas as portas (é apenas descida na do motorista). Todos itens que não têm custo elevado e deixariam o Versa ainda melhor.

Em compensação, o Versa, em especial a versão Exclusive revisitada, possui elevada dotação de itens de comodidade e segurança, como ter seis bolsas infláveis. Um olhada na lista equipamentos mostra isso bem.

Conclusão

Pelo conjunto e pelas qualidades do novo Versa ratificadas nesta revisita, é o carro indicado para quem quer continuar de sedã, sair do hatch ou voltar do suve sem fazer rombo muito grande na conta bancária. E contar com um bom companheiro rodante para todas os momentos.

BS