A apresentação de quatro modelos eletrificados e o lançamento do iCar no País, carro citadino totalmente elétrico, serviu de pano de fundo para Mauro Correia, presidente do Grupo Caoa, anunciar que a indústria automobilística entra em uma nova fase no que se refere a volumes de produção e na perenidade do motor a combustão. Ele e Márcio Alfonso, vice-presidente de operações da Caoa, defenderam a sustentabilidade como novo mantra da marca e comentaram sobre as adversidades da eletrificação em âmbito nacional.
“O carro de grande produção não existirá mais. Volumes acima de 100 mil unidades para um mesmo modelo ficarão cada vez mais raros. O uso de novas tecnologias nos permitirá desenvolver híbridos com tecnologia nacional, explorando a nossa matriz energética limpa”, declarou Correia ao abrir a apresentação dos cinco modelos que a marca colocará no mercado nos próximos meses: os Tiggos 5x PRO Hybrid, 7 Pro Hybrid e 8 Plug-in Hybrid, o sedã Arrizo 6 PRO Hybrid e o iCar, carro urbano elétrico.
Correia ponderou que o uso de novas tecnologias será crucial para atender aos índices de emissões cada mais restritivos e aplicá-las em automóveis acessíveis aos brasileiros, daí a aposta da Caoa na solução híbrida. Fabricante que hoje opera unicamente a fábrica em Anápolis, GO, a marca desenvolveu com a Marelli um sistema que explora as vantagens do modelo flex híbrido.
Sobre o motor a combustão, disse Mauro Correia, “somos uma empresa 100% brasileira e lutamos contra gigantes mundiais. Precisamos de tecnologia acessível aos brasileiros. Por isso não vamos de deixar de produzir o motor a combustão, mas teremos modelos eletrificados.”
A eletrificação virá através de uma evolução que engloba o trabalho conjunto com os parceiros chineses, a Chery, e será focada num objetivo bastante claro: explorar a matriz energética brasileira, “extremamente limpa” segundo Correia. A evolução da Caoa é algo que seu vice-presidente de operações, Márcio Alfonso, enxerga em capítulos de “3, 5, 10 anos à frente” e que leva em consideração o controle sobre aplicação de soluções agregadas em modelos em linha de produção: “Chega um ponto em que agregar mais e mais soluções a um produto existente acaba inviabilizando esse produto.”
Segundo Alfonso, um hectare de cana plantada emite 4 toneladas de CO2, mas sua produção evita a emissão de12 toneladas do mesmo gás por motores a gasolina. Ele pondera que um modelo híbrido recupera boa parte da energia perdida num deslocamento ao processar, por exemplo, o calor gerado nas freadas convertendo-o em energia elétrica “tal qual acontece na F-1”. Em sua visão, o carro híbrido oferece o melhor aproveitamento de energia e supera o veículo elétrico no País em três pontos: não depende infraestrutura para carregamento, o custo do veículo é menor, e dispensa a tecnologia que a opção demanda: “O Brasil é um local privilegiado para um motor híbrido e o combo elétrico-combustão e permite contornar o problema da falta de estrutura territorial para o modelo 100% elétrico explorando uma tecnologia nacional e de custo acessível.”
A linha de híbridos brasileiros da Caoa Chery já conta com dois modelos da linha Tiggo: o 5x PRO Hybrid e o 7 PRO Hybrid, que chega às concessionárias da marca na segunda quinzena de agosto. Em agosto a linha ganha o Arrizo 6 PRO Hybrid, que será importado da China.
Topo de linha da marca, o importado Tiggo 8 PRO Plug-in Hybrid (foto acima) é o único modelo híbrido plug-in do mercado brasileiro a contar com dois motores elétricos, solução que permite atingir o consumo médio combinado de 42,7 km/l de combustível e alcance de 77,6 km no modo 100% elétrico. A potência combinada chega a 317 cv e torque, a 56,6 m·kgf. O motor turbo 1,5- L, de quatro cilindros, produz 147 cv e 22,5 m·kgf desse total. A capacidade da bateria é de 19,3 kW·h.
A tecnologia híbrida desta versão do Tiggo 8 funciona em conjunto com uma transmissão DHT, solução patenteada pela Chery na China. Composta por dois motores elétricos e três marchas mecânicas, ela oferece 11 relações de marchas de forma automática. O conjunto permite quatro modos de utilização: EV (100% elétrico), HEV (híbrido utilizando os três motores com prioridade para economia de combustível), Normal (disponível nos modos EV e HEV, também com foco na economia) e Sport (utiliza os três motores e tem foco no desempenho).
WG
(Atualizada em 26/6/22 às 10h55, correção, o motor 1,5-l de quatro cilindros é turbo a gasolina e não turbodiesel)