Ontem na minha coluna “O editor-chefe fala”, o assunto foi o mau uso da seta e de sua desnecessidade em determinadas situações. Antevi polêmica e ela de fato ocorreu (e continua) sob a forma de comentários à matéria. Embora até este momento ela tenha sido vista apenas 3.144 vezes, número bem aquém do que registramos habitualmente, chegaram até agora 49 comentários, volume razoável para o número de visitas à página,
As opiniões dos leitores variaram entre concordância e discordância com o que escrevi, numa proporção aproximada de meio a meio. Chegou um comentário hoje que aborda a questão com uma clareza ímpar e que complementa de maneira admirável o que eu expus. Muitos já devem tê-lo lido, já que está publicado, porém achei que ele tem valor enorme para ficar “escondido” na seção de comentários. Por isso resolvi publicar como matéria, dentro da categoria “Opinião” que até hoje não havíamos utilizado.
O comentário é de um leitor antigo e bem conhecido nos comentários: Lucas dos Santos, 35 anos, residente em Ponta Grossa, PR. Veja o que ele diz:
“Bob, eu era um dos que usava a seta a esmo e, depois de ler seus textos sobre o assunto e as discussões decorrentes deles nas seções de comentários, vi que eu estava errado.
O uso da seta nada mais é do que uma forma de se comunicar com outras pessoas que estão ao redor do veículo, de modo a enviá-las uma informação. Assim como gesticular, buzinar, lampejar os faróis também são formas de se comunicar. Sabemos que para o envio de uma informação acontecer é necessário haver a figura do emissor e do receptor, onde o emissor envia a informação ao receptor. Se houver apenas o emissor, mas não houver ninguém para receber a mensagem, não tem como haver comunicação. O emissor estará falando sozinho! E é ai que entra o caso da seta.
Dar esse sinal sem haver ninguém em volta, é como falar sozinho, gesticular para o nada, buzinar a esmo… Não tem ninguém para receber a mensagem. Então não faz sentido.
Entender isso e mudar essa postura faz toda a diferença. Ao apenas ligarmos a seta e contarmos que todos à nossa volta perceberão que a seta está ligada e agirão de acordo, estaremos jogando toda a responsabilidade para os outros. Se algo der errado, a culpa é dos outros, que não viram a seta. Agora, quando só usamos a seta quando necessário, a responsabilidade passa a ser toda nossa, já que a culpa será nossa se algo der errado. Isso nos leva a ter mais cuidado e atenção.
Precisamos olhar ao redor e verificar se a manobra que estamos prestes a fazer não irá pegar ninguém de surpresa. Em caso positivo, é preciso ligar a seta para sinalizar e, o mais importante de tudo, certificar-se de que as pessoas viram e compreenderam a sinalização — em outras palavras, ter certeza de que a mensagem chegou ao receptor. Falando assim, pode parecer algo muito mais trabalhoso do que apenas “dar seta e entrar”, mas adotar essa postura faz com que fiquemos muito mais atentos ao trânsito ao nosso redor, passamos a dar atenção a coisas que antes nem notávamos que estavam lá e, no final, passamos a dirigir com muito mais cuidado e segurança.
Lucas dos Santos
Ponta Grossa – PR”
Parabéns e muito obrigado, Lucas!
BS