Alfa Romeo e Zagato são duas marcas milanesas indissociáveis na história do automóvel. O atelier de “carroziere” aberto por Ugo Zagato, em 1919, foi responsável pela construção das carrocerias do primeiro modelo Alfa Romeo, o Tipo G1, lançado em 1921. Posteriormente, no período anterior à Segunda Guerra Mundial, quando Alfa era sinônimo de carro esportivo, praticamente todas as carrocerias dos modelos da marca eram confeccionadas por Zagato.
Após a guerra, entretanto, a Alfa Romeo mudou o foco ampliando a produção para modelos familiares de grande série, o que arrefeceu a parceria. E, apesar da Alfa ter lhe “traído” passando a manter relacionamentos também com outros “carrozieri”, como Bertone e Pininfarina, Zagato continuou produzindo carrocerias para esportivos Alfa de pequena série. Isso porque manteve-se basicamente como um ateliê artesanal, ao contrário de seus concorrentes, que partiram para a produção de carrocerias especiais em escala industrial.
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Assim, apesar das reviravoltas contemporâneas que afetaram a indústria automobilística, o que praticamente inviabilizou encarroçadores independentes, Zagato ainda se mantém em atividade construindo carrocerias para modelos especiais, em pequenas séries, ou até mesmo, versões exclusivas como o Alfa Romeo Giulia SWB Zagato recém-apresentado e que comemora esta parceria centenária das duas empresas.
Desenvolvido tendo como base a carroceria do atual Alfa Romeo Giulia Quadrifoglio, a versão Zagato recebe a denominação SWB (Short Wheel Base) devido à distância entre eixos, que foi encurtada em 120 mm o que, associado com a redução de 140 mm na seção traseira com o redesenho do porta-malas, faz com que o comprimento total seja de 4.380 mm, em comparação com os 4.640 mm de comprimento do Giulia.
Além desta redução nas dimensões da carroceria original, a equipe comandada por Nori Harada, vice-presidente de Design da Zagato, se inspirou em detalhes de modelos anteriores desenvolvidos pela empresa para a Alfa, em especial nas míticas versões especiais TZ, que se destacaram nas pistas na década de 1960. Estes detalhes podem ser notados subliminarmente no frontal curvado e na traseira truncada, ou “coda tronca” como definem os italianos.
Outro detalhe está no característico desenho convexo do teto, apelidado em italiano de “gobbo” (corcunda), ou bolha dupla, artifício que foi adotado na década de 1950 em modelos como o Alfa Romeo Berlinetta Zagato, 1900 SS. Não era só charme o que muitos acreditavam se tratar de um jeito de ampliar o espaço na cabine, mas sim uma maneira de melhorar a fluidez do ar no deslocamento do carro.
A mecânica desta versão exclusiva é a mesma da série especial limitada do Giulia GTAm, lançado em 2020, com motor V-6 de 2,9 litros biturbo e potência de 540 cv, além de também manter o câmbio manual de 6 marchas. Ou seja: um sonho para todo apaixonado pelo “Cuore Sportivo” (coração, ou caráter esportivo). O único senão é que este modelo já tem dono. Foi comprado por um colecionador que possui diversos modelos não só Alfa Romeo, mas também Aston Martin, encarroçados por Zagato.
RM