Outro dia, conversando com um grande amigo e engenheiro que trabalhou muitos anos na Ford, na Engenharia Experimental no campo de provas de Tatuí, SP, autoentusiasta de raiz e profundo conhecedor de automóvel e sua pilotagem, comentei a quantidade de carros que têm o volante descentrado (não falo de volante enviesado como o do Chevette e do Celta). O volante fica deslocado para a esquerda, portanto sem coincidir com o centro do banco e, claro, com o centro do tórax onde fica o osso esterno. Ele me disse que também sempre nota esse aspecto. Coisa de autoentusiastas…
Normalmente, espera-se que braços e antebraços fiquem perfeitamente paralelos ou um pouco convergentes considerando um volante de 370 mm de diâmetro (maioria hoje), mas o que ocorre com o volante descentrado é o braço e o antebraço direito ficarem em ângulo ainda mais fechado e os do lado esquerdo ficarem paralelos à linha longitudinal do veículo ou ligeiramente abertos.
O primeiro carro em que notei isso foi o Fiat Marea. Eu trabalhava na GM e um jornalista foi nos visitar (em São Caetano do Sul) e na conversa disse estar com um Marea de teste, modelo recém-lançado (maio de 1998). Como wu estava “no outro lado do balcão” não tinha mais oportunidade de conhecer todos os carros, como no trabalho anterior na revista Autoesporte, onde eu era editor de Testes e de Técnica.
Curioso em conhecer o novo Fiat, quando o jornalista foi embora acompanhei-o até o estacionamento de visitantes que fica (até hoje) defronte do prédio da administração central, uma bela construção de dois andares que ficou pronta em 1930 e que nos “transporta” aos Estados Unidos. da época.
Chegando ao Marea, logo sentei-me ao volante “para me apresentar” a ele e imediatamente notei o volante deslocado para a esquerda, descentrado. Desde então passei a conferir mais esse detalhe construtivo em todo carro que dirijo. É automático. Já devo ter comentando isso em algum vídeo nosso, mas não me lembro qual ou quais. Mas a partir de agora eu e o Gerson vamos passar a registrar esse aspecto tanto em fotos quanto em vídeos.
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Como estou com um Honda City Hatchback nesse período de Festas, utilizei-o como exemplo para esta matéria.
Note-se que esse deslocamento do volante em nada atrapalha o dirigir, assim como volantes enviesados também não. Mas não é o certo. Nos Porsches, por exemplo, centros do volante e do banco são alinhados.
Assista ao breve vídeo a esse respeito:
Curiosamente, quando o grande designer Luiz Alberto Veiga escreveu aqui no AE matérias notáveis sobre design automobilístico entre fevereiro de 2018 e março de 2020, perguntei-lhe se o “packaging” (preenchimento do interior) levava em consideração essa aspecto. Ele me disse que nunca havia pensado nisso.
Veja neste desenho de engenharia como centro do volante e banco do motorista estão perfeitamente alinhados, como deve ser:
E você, leitor ou leitora, já percebeu isso no seu carro?
BS