A Great Wall Motors (GWM) mal chegou ao Brasil e já apresentou dois produtos, o suve Haval H6 Premium, em novembro,, e agora o Haval H6 GT, um suve cupê com apelo esportivo. Ambos são modelo 2024 e começam a ser vendidos em março. De fato, já podem ser reservados através da página do fabricante no site Mercado Livre, mediante o pagamento de uma taxa de R$ 9.000,00. A confirmação da compra será em março, quando os preços serão divulgados, e as entregas iniciar-se-ão a partir de abril. Se ao ser divulgado o preço final houver alguma insatisfação, a taxa de reserva será devolvida, a exemplo do que é feito em qualquer compra on-line no Mercado Livre.

O autódromo de Interlagos foi o local escolhido pela GWM para a primeira avaliação do Haval H6 GT, com direito a apenas duas voltas pelo circuito — capacete obrigatório, pode?  — com algumas chicanas adicionais demarcadas por cones de borracha,, o que impediu a avaliação completa do veículo. Mas ainda assim foi possível sentir a forte aceleração que leva este Haval de 0 a100 km/h em somente 4,8 segundos.

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Híbrido

No ano passado a GWM apresentou detalhes dos sistemas híbridos que irão equipar seus veículos, e no caso dos dois primeiros modelos de suves que serão importados, o sistema escolhido é o PHEV P4 (Plug-in Hybrid Electric Vehicle – Veículo híbrido elétrico plugável), que utiliza um motor a combustão 1,5-l turbocarregado a gasolina, acoplado ao câmbio DHT-Dedicated Hybrid Technology (tecnologia híbrida dedicada) de duas marchas e dois motores elétricos, um em cada eixo, configurando a tração 4×4 AWD (all wheel drive). A tração é predominantemente dianteira com inserção automática da tração traseira quando houver demanda, ou necessidade, como veremos logo adiante.

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A potência máxima combinada é de 393 cv com torque máximo de 77,7 m·kgf, porém o fabricante não informa os dados individuais de cada motor, segundo ele para que não haja confusões nas eventuais comparações.

Dirigindo o veículo em modo hibrido percebe-se que a saída de imobilidade é feita pelas rodas dianteiras e com o motor elétrico respectivo. À medida que aumenta a demanda ou necessidade, o motor elétrico traseiro entra em ação para maior estabilidade ou aumento da força trativa. Em acelerações mais vigorosas o motor a combustão entra em funcionamento e mais potência chega às rodas dianteiras. Toda comutação de funcionamento dos motores é automática e independe da ação do motorista, restando apenas selecionar Drive e dirigir o carro naturalmente.

Na desaceleração o motor a combustão para de funcionar e a regeneração de energia fica a cargo dos motores elétricos, que passam a enviar carga elétrica para a bateria de 34 kW·h. Em modo puramente elétrico o alcance é de 170 km, e a velocidade máxima,140 km/h. Mas esse alcance pode variar dependendo das condições de aceleração e topografia do terreno.

Pelo ciclo de testes do Inmetro o novo suve cupê tem consumo médio de 27,4 km/l no ciclo urbano e 25,2 km/l no rodoviário, mas na vida real isso pode ser variável, pois sempre dependerá do nível de carga da bateria. Com baixa carga elétrica o motor a combustão entra em funcionamento regular gerando energia para carregar a bateria, e por conseguinte aumentando o consumo de combustível. Com baterias a plena carga, a propulsão será prioritariamente elétrica, melhorando o consumo médio.

Apesar das limitações da avaliação em autódromo foi possível parar na saída dos boxes, mesmo lugar onde os carros de corrida ajustam o controle de largada, e fazer uma aceleração em potência máxima. A aceleração é gradual e rápida, atingindo rapidamente o ponto de freada da primeira chicana colocada no meio da reta oposta do circuito.

As frenagens de baixa desaceleração acontecem pelo modo de regeneração de energia, enquanto as mais vigorosas utilizam os freios a disco nas quatro rodas. Após várias frenagens subsequentes notei o aumento do curso do pedal de freio, indicando que o fluído estava chegando ao ponto de ebulição, e em alguns momentos o fading instantâneo também foi sentido. Atribuo esse resultado ao uso severo devido às quatro chicanas colocadas no circuito, o que duplicou o número de freadas por volta. Mas fica a sugestão para a equipe da GWM em verificar o comportamento do sistema de freios em uma descida de serra como de Campos do Jordão ou Ubatuba em São Paulo, evitando surpresas futuras.

O sistema de propulsão ainda pode ser ajustado em três modos de condução: Eco, Normal e Sport. A principal alteração é a resposta à aceleração pelo pedal do acelerador. e Já sistema de direção também pode ser ajustado em três níveis: Conforto, Normal e Sport, onde a curva de crescimento de esforço fica mais acentuada no modo esportivo.

Dinâmica

O bom da avaliação em autódromo é a possibilidade de chegar o mais perto possível do limite do carro com maior segurança, e nesse ponto o H6 GT surpreende pela neutralidade no contorno em curvas, com leve tendência a escorregar de frente, o que traz segurança a quem dirige. Em acelerações mais entusiasmadas durante o contorno de curvas nota-se o corte de potência pelo sistema de controle de estabilidade, evitando que um mal maior aconteça.

A movimentação exagerada da suspensão traseira sentida no H6 Premium no Rio de Janeiro não apareceu no GT, talvez a calibração da carga dos amortecedores já esteja em estágio mais avançado, ou pode ser uma diferença da versão cupê. As configurações construtivas são idênticas com McPherson na dianteira e multibraço na traseira. Ambas com molas helicoidais, amortecedores pressurizados e barras antirrolagem.

O sistema de direção tem assistência elétrica e o esforço estático é leve, facilitando as manobras do veículo de 2.050 kg. A progressão do esforço cresce indexado à velocidade e a precisão de esterço é muito boa, mostrando boa conexão com os pneus. A resposta de direção é outro atributo que agradou na condução do carro na pista, e praticamente 180 graus de esterço foram suficientes para todas as curvas, até a mais fechada, o Bico de Pato. Os pneus 235/55R19 da Michelin tem grande responsabilidade nesse desempenho.

Tecnologia a bordo

A bateria de íons de lítio traz a possibilidade de carregamento em equipamentos de corrente contínua ou alternada com taxa de 48 kW na primeira e 6,6 kW na segunda. Com isso o tempo de carregamento pode variar de 30 minutos para ir de 10 a 80% em DC ou até 5 horas em AC para ir de 0-100%.

O quadro de instrumentos é apresentado em uma tela digital de 10,5”, e como já observado na primeira avaliação, parece pequeno para a quantidade de informações que apresenta. Ao centro do painel de instrumentos está a central multimídia com tela tátil de 12,3”, e além de todos os recursos de comando do sistema de som premium, possui pareamento sem fio para Android Auto e Apple CarPlay, sendo também a tela de configuração de vários sistemas de condução do veículo. O carregador por indução fica no console central, permitindo eliminar os cabos de conexão USB.

O controle adaptativo de velocidade de cruzeiro adaptativo é ativado através da alavanca suplementar atrás do volante e possui a função anda e para de trânsito. O sistema de permanência em faixa corrige a saída involuntária da faixa. A partida é por botão com chave presencial e travamento/destravamento das portas por sensores nas maçanetas.

Os demais sistemas de auxílio ao motorista, condução semiautônoma e segurança são idênticos ao H6 Premium e posicionam esta linha de veículos entre os mais completos do nosso mercado, deixando para trás aquela imagem de que carro chinês é carro ruim ou mal acabado.

Exterior e interior

Além de ser uma carroceria suve cupê, o novo H6 GT traz elementos únicos que o diferenciam do Premium já apresentado. O principal é o para-choque dianteiro que tem desenho mais robusto dando visual bem esportivo ao veículo. O mesmo acontece no para-choque traseiro com linhas mais pronunciadas e a imitação de dupla de saída de escapamento para realçar o apelo esportivo.

Os logotipos do novo GT são escurecidos e toda parte de frisos cromados que normalmente circundam as janelas laterais de carros premium ou chineses foram substituídos por acabamento preto brilhante. O mesmo acontece na grade frontal, onde o logotipo HAVAL com estranho fundo azul claro deu lugar a um sóbrio fundo preto fosco texturizado.

A iluminação é toda em LED com sistema de alto automático nos faróis. Sensores de obstáculos traseiro e dianteiro auxiliam nas manobras. Um defletor na parte traseira do teto, outro na tampa do porta malas e outros dois em formato de barbatana de turbarão aparecem na parte inferior das portas traseiras, tudo para explorar o lado esportivo da versão, assim como melhorar a eficiência aerodinâmica.

No interior, a GWM não economizou nos revestimentos que imitam compósito de fibra de carbono nos painéis de portas, painel de instrumentos e console central. Sempre contrastando com molduras em preto brilhante, couro e Alcantara nos painéis e bancos. O logotipo GT bordado em linha vermelha aparece ao centro dos encostos de bancos e replicam a cor das pinças de freio e do logotipo GT na traseira.

Conclusão

Os preços serão anunciados somente em março, quando terá início a pré-venda, mas especula-se serem na faixa de R$ 300 mil, um pouco menos no suve e um pouco mais no suve cupê. O otimismo dos executivos brasileiros da marca está estampado na cara de cada um deles, e o entusiasmos que se nota em cada funcionário é algo marcante. Aparentam estar trabalhando com muita energia para o sucesso da marca no Brasil, e trazem para a GWM experiências vividas em outros fabricantes do setor automobilístico assim como em fornecedores e prestadores de serviço, fórmula essa que poderá significar o sucesso desta empreitada.

O Haval H6 GT tem bom conteúdo com linhas bonitas e atraentes. Utiliza materiais nobres com desenho harmônico e boa execução de montagem. O desempenho surpreende em alguns aspectos e a dinâmica veicular agrada pelo conforto e estabilidade em curvas. É um veículo que tem tudo para cair no gosto do consumidor, e deve ajudar a GWM na formação da sua imagem no país. Afinal, já tem sido um sucesso em outros países ocidentais como Austrália e África do Sul, além de ser um best seller na China. A conferir!

GB