Ao longo da minha carreira, acredito que uma das maiores conquistas e realizações profissionais que alcancei foi construir e manter bons amigos. Isso foi e ainda é fundamental para o êxito em quaisquer atividades, ainda mais naquelas que dependemos de fontes ou precisamos de ajuda, muitas vezes, grandes favores.
Esse relacionamento contínuo, próximo, verdadeiro sempre permitiu que alcançasse os melhores resultados e até saísse de muitas enrascadas nas quais me vi, principalmente como repórter, antes de me dedicar à vida de assessor de imprensa.
Posso dizer que sempre foi um forte trabalho em equipe!
Lembro desses amigos próximos, daqueles que se aciona quando não temos a quem mais recorrer. Um desses grandes é o jornalista Carlos Alberto Ceneviva que, no Brasil, trabalhou na rádio Pan-Americana, hoje Jovem Pan, na Rádio São Paulo e na agência americana de notícias Associated Press.
Sem alarde, pelo menos três vezes me ajudou e, consequentemente, a indústria automobilística brasileira.
Amigo desde o tempo em que eu trabalhava no jornal O Estado de S. Paulo, na sua competência, voracidade profissional para aperfeiçoamento de sua carreira e ampliar os seus conhecimentos, trabalhou quatro anos em uma emissora de rádio do Canadá e dois anos em outra, na Suíça, transmitindo sua experiência sobre economia empresarial.
Após os anos em que enriqueceu sua bagagem de conhecimentos e ampliou a lista de amigos, regressou ao Brasil e aqui fundou sua empresa de comunicação e, com ela, prestou serviços à Telesp, que era a responsável pela telefonia em São Paulo e que passou por um processo de modernização, saindo de uma fase de submeter os clientes a longas esperas para uma ligação telefônica e dependente de equipamentos sem tecnologia.
Nessa nova fase o brasileiro começou a não mais permanecer longas horas em desconfortáveis cabines ou postos telefônicos à espera de uma ligação muitas vezes necessárias e urgentes. Como ocorreu comigo algumas vezes na vida familiar e muitas vezes no meu desempenho profissional.
O primeiro episódio foi no meio dos anos 1970, quando intensifiquei minha amizade com Carlos Ceneviva e quando me transferi para a Ford para comandar a comunicação da empresa.
Um dia, recebi em minha sala a visita de um diretor de caminhões da Ford que havia mudado sua residência para o bairro de Interlagos e não conseguia instalar o telefone na sua nova casa. Na tentativa de ajudá-lo, recorri ao Ceneviva.
Telefonei para ele por volta de 11 horas e, no meio da tarde do mesmo dia, o diretor entrou novamente na minha sala surpreendendo-me com um agradecimento porque havia recebido ligação da esposa comemorando o funcionamento do telefone. Essa providência ajudou a aumentar o meu prestígio na Ford.
Em 1985, no período em que trabalhei para a Fiat, atendendo ao pedido da área comercial da empresa para dinamizar as vendas na região de Bauru, no interior do estado de São Paulo, desenvolvi um plano para a realização de uma gincana para jornalistas e utilizei o kartódromo da cidade.
Para montar os obstáculos a serem vencidos pelos jornalistas, calculei que precisaria de aproximadamente 500 cones e imaginei que o Ceneviva poderia me ajudar novamente porque a Telesp usava esses objetos de sinalização em serviços de telefonia.
Na véspera do evento um motorista da Telesp chegou a Bauru com o caminhão carregado de cones e me ajudou a formar os obstáculos a serem vencidos pelos jornalistas.
O evento contou com a participação de aproximadamente 40 jornalistas e também os pilotos Wilson Fittipaldi Júnior e Chico Serra, que tinham contrato de imagem com a Fiat, aumentando o interesse dos habitantes da cidade pelo show de habilidade realizadas com os carros.
Quando nos preparávamos para o encerramento do evento, surgiu um veículo de reportagem da TV Globo e o jornalista pediu para também participar da gincana. É claro que concordamos e ele demonstrou ser um hábil motorista ao cumprir o percurso sem cometer erros e foi o mais rápido.
A vitória empolgou o jornalista, o público e sua equipe e o editor da emissora passou a apresentar a reportagem várias vezes. Alguns dias depois, recebi telefonema do gerente da Fiat da região de Bauru, entusiasmado com o aumento das vendas provocado pela reportagem da gincana Fiat graças às publicações da TV Globo.
Anos depois, mais uma vez precisei recorrer ao Ceneviva quando a revista Quatro Rodas planejou uma reportagem sobre os efeitos de diferentes níveis de ingestão de álcool por motoristas. A reportagem foi realizada no Autódromo de Interlagos com motoristas convidados pela revista e um engenheiro da Ford que demonstrou desejo de conhecer o seu comportamento sob o efeito do álcool.
A participação do engenheiro foi elogiada pelo médico especialista que comandou a reportagem da pesquisa, porque suas reações foram muito ricas. Ele exagerou com consumo de álcool, além do previsto para a reportagem e, como resultado, endoideceu durante o teste, conduzindo o carro de forma perigosa e, ao sair cambaleante, tentou dar um salto sobre o capô do motor, errando pelo efeito do álcool e “aterrissando” no asfalto.
O médico decidiu removê-lo a um hospital do bairro de Santo Amaro para receber os cuidados necessários. Pela dificuldade de contê-lo, o médico recomendou a todos imaginar o perigo que ele representaria na condução de um veículo. E usou o episódio como um exemplo ideal para mostrar o perigo de conduzir um veículo após a ingestão de bebidas alcoólicas.
LCS
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A “Coluna Luiz Carlos Secco” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.