A Fórmula 1 (foto de abertura) é realmente um mundo em constante evolução, condição que não se restringe ao progresso tecnológico dos seus carros e equipamentos e a mudança na administração desse negócio é um dos exemplos que justificam a abertura da coluna. Se antes era necessário pedir a bênção ao todo poderoso Bernie Ecclestone, hoje a economia da categoria funciona de maneira mais livre, ainda que a Liberty Media, empresa de capital americano, tenha conseguido o que muitos julgavam difícil e se mantenha como espinha dorsal deste show. A corrida pouco interessante do fim de semana — que não desmerece a atuação soberba de Max Verstappen — deu indicações de uma nova era prestes a se consolidar.
O empresário inglês sempre focou suas ações para aumentar o protagonismo da F-1 e aniquilar possíveis concorrentes. Pergunte aos responsáveis pelo Campeonato Mundial de Resistência, F-Indy e similares por que tais categorias viviam apenas ciclos rápidos de crescimento. No rali, a Toyota recebeu uma punição severa por burlar o regulamento e, coincidentemente, um ano depois trocou essa modalidade por um caro, e fracassado, programa de F-1. A F-Indy viu os portões de diversos autódromos internacionais trancados ao seu calendário sem maiores explicações.
Águas passadas: hoje comenta-se sobre a criação de motores que serviriam à F-1 e a própria F-Indy num futuro não muito distante, possibilidade anabolizada após a incorporação do autódromo de Indianápolis pelo Reino de Penske. Nos domínios europeus, a expansão territorial da Liberty influenciou a mudança de nomes de categorias e a compra de outra. Para consolidar uma escala de valores, a GP2 e a GP3 foram rebatizadas como F-2 e F-3, esta última execrando a fórmula tradicionalmente reveladora de pilotos em início de carreira internacional. Outra especialidade, a F-E dos carros elétricos criada por Alejandro Agag, acabou encampada pela administração de Chase Carey.
Nascido na Irlanda e educado nos Estados Unidos Carey enveredou pela escola americana de comunicação, onde aprendeu que substituir o caráter aristocrático da F-1 por valores mais próximos da era da internet poderia ser feito sem causar prejuízos financeiros.
No último final de semana houve nova demonstração dos novos tempos da fórmula máxima: o grupo MSP Sports Capital, com base em Nova York e com interesses pesados no futebol europeu, nas ligas americanas de beisebol e basquete e outras atividades relacionadas ao esporte, anunciou um investimento de US$ 740 milhões (cerca de R$ 3,78 bilhões) no grupo McLaren, montante que será aplicado tanto na linha de automóveis esportivos quanto na equipe de F-1 nos próximos dois anos. Quando completada aplicação a MSP terá cerca de 33% do capital da McLaren.
Outras negociações em curso envolvem as equipes Red Bull, Racing Point e Renault. No primeiro caso trata-se da compra do projeto do motor Honda de F-1, uma solução que teria sabor de bálsamo depois que a Aston Martin (patrocinadora da equipe do touro e associada no projeto Valkyrie, um superesportivo criado por Adrian Newey) optou por trilhar outros caminhos. O investimento de Lawrence Stroll na equipe Racing Point e na própria Aston Martin e o aumento de participação acionária da Mercedes na marca de carros esportivos aniquilaram a vida do Valkyrie e foi uma ducha de água fria na equipe liderada por Christian Horner.
A compra dos direitos do motor japonês pela Red Bull poderia render frutos mais consistentes e até mesmo um novo ator no mercado dos caros e exclusivos supercarros. É esse mercado o foco de interesse de Stroll, do grupo alemão e de Toto Wollf, assim como Sebastian Vettel também um acionista da empresa. Em uma escala semelhante, ocorre o reposicionamento da Renault na F-1: no ano que vem sua operação na categoria será identificada pela marca Alpine, que disputa o segmento de entrada de superesportivos.
WG