O Grupo Renault declarou que a proposta da União Europeia para acabar com os motores a combustão em 2035 é um prazo curto para tamanha magnitude da mudança. Foi durante o IAA, em Munique, Alemanha, recentemente encerrado, que Gilles Le Borgne, diretor de pesquisa e desenvolvimento do Grupo Renault, e Luca de Meo, executivo-chefe do Grupo, expressaram o seu desacordo com a data proposta pela União Europeia para o fim da comercialização de veículos novos com motores a combustão. Na foto de abertura está o Renault Mégane E-Tech Electric.
A proposta da UE não impõe efetivamente o fim do motor a combustão, mas sim a meta de redução das emissões de CO2 em 100% para todos os veículos novos a partir de 2035, ou seja, só veículos 100% elétricos poderão ser comercializados na Europa. Nem os híbridos plugáveis escaparão dessa regra.
Em declarações durante o salão alemão, Gilles Le Borgne foi claro ao dizer que o grupo francês iria resistir à data proposta pela UE, propondo que essa transição aconteça só em 2040. Luca de Meo reforçou essa sentença afirmando que o Grupo Renault tinha o apoio total do governo francês nesse sentido e espera que outros construtores digam o mesmo.
O Grupo Renault não está contra os elétricos, ou contra a transição para a mobilidade elétrica, mas acha que uma alteração tão drástica precisa de maior prazo para ser implementada. Em realidade a Renault foi uma das pioneiras na eletrificação da indústria automobilística, tendo lançado em 2012 o Zoe. Em Munique foram apresentadas novas propostas de veículos elétricos da marca.
O Renault R5 e o lendário 4L serão futuros novos veículos elétricos de baixo custo, devendo chegar ao mercado respectivamente em 2023 e 2025. A Alpine será 100% elétrica em poucos anos, segundo divulgado pela marca.
Para o Grupo Renault há três razões para estender esse prazo de 2035 para 2040. Em primeiro lugar é necessário ter confiança absoluta de que a infraestrutura de carregamento se expanda ao mesmo ritmo que serão comercializados os veículos elétricos. Isso ainda não é uma certeza, então ir mais depressa talvez não faça sentido, alega a Renault, que aponta como segunda razão saber se os clientes querem veículos elétricos e, mais importante, se conseguem pagar o maior valor deles.
Por fim, é preciso tempo para as adaptações das fábricas para estas novas tecnologias. Adaptar os trabalhadores também requer tempo. E mais difícil ainda é adequar a cadeia de fornecedores. “As pessoas precisam se mover e uma marca popular como a Renault tem de ser capaz de lhes dar possibilidade de o fazerem de uma maneira prática e a um preço acessível”, encerra Gilles Le Borgne.
AB