Reportagem no site da revista americana Autoweek aborda uma interessante exposição que está sendo realizada no Audrain Automobile Museum em Newport, Estado de Rhode Island, EUA, ,que faz uma volta aos primórdios da indústria automobilística, quando a madeira era abundante matéria-prima utilizada na construção dos automóveis sendo transformada em rodas, estruturas, volantes, acabamentos e até superfícies externas.
A exposição denominada: “Maravilhas em madeira, na terra e no mar”, mistura automóveis clássicos, com barcos a vela e a motor, todos com o uso da madeira em sua construção. “Esta mostra é algo que eu sempre quis fazer”, disse David de Muzio, diretor executivo do museu. “A madeira é um material útil. É abundante e, obviamente, é anterior ao aço como material de construção”, disse ele em entrevista.
De Muzio enfatiza que a madeira nos carros não era apenas para decoração. Por baixo dos acabamentos de alto brilho ou incrustações de madrepérola, também era comum no passado usar madeira para construir a estrutura interna que suporta os painéis da carroceria de chapa metálica. “Há tanta madeira nos carros de antes da Segunda Guerra Mundial. Pode ser estrutural e complementar ou apenas cosmética”,
A exibição do museu inclui raridades como um Rolls-Royce Silver Ghost de 1914 com cauda de barco “Skiff”, considerado um dos cinco únicos já construídos. A cauda realmente parece um barco de madeira altamente polido e envernizado. Feito com mogno cubano, acredita-se que o Rolls-Royce seja o único de seu tipo com uma carroceria confeccionada pelo encarroçador Schapiro-Schebera, com sede em Berlim.
Outro modelo em exibição é o Ford Deluxe Woody Wagon 1940 (foto de abertura), que acomoda oito ocupantes ou bom volume de carga, dependendo da configuração dos bancos. Um anúncio de época ao lado do modelo detalha: “A Ford continua construindo suas próprias carrocerias em Iron Mountain, Michigan, e seleciona as melhores madeiras nativas para modelar com o verdadeiro artesanato de marceneiro”.
Também curioso é Ford Modelo T “Depot Hack” fabricado em 1922 com uma carroceria quase toda de madeira, uma fileira extra de bancos, além de espaço para carga, e que era usado para levar os hóspedes dos hotéis até a estação de trem. Segundo consta foi daí que surgiu o termo “station wagon”. A Ford continuou construindo carrocerias Woody em sua fábrica de Iron Mountain, no Michigan, até 1952.
Madeira já foi bastante usada nos assoalhos das carrocerias, originando-se daí a conhecida expressão “pé na tábua”, quando o pedal no acelerador era apertado até seu fim de curso. E a Porsche, no seu fabuloso carro de corrida 917, usava madeira balsa no pomo do alavanca de câmbio — a marca de Stuttgart leva mesmo a sério a questão de reduzir peso!
Por sinal, ainda hoje existe um fabricante que utiliza a madeira na estrutura da carroceria. É a inglesa Morgan, (foto acima) que apesar de dotar seus modelos de mecânica moderna, continua mantendo o estilo das carrocerias típico dos primórdios do automóvel, na primeira metade do século passado. Estas carrocerias têm a estrutura básica arm madeira depois revestida por chapas de metal, aço ou alumínio, conforme o modelo.
RM