A ideia é clara: colocar no mercado um subcompacto utilizando arquitetura e componentes disponíveis em casa, mas vestindo-o com uma carroceria redesenhada. Um subcompacto para quem quer um subcompacto e está familiarizado com a marca e que possa interessar a quem não está. O nome, um bissílabo curto, fácil de memorizar e que invoca o que muito se fala hoje, mobilidade. Se a ideia do Mobi está certa ou errada, vai depender de dois fatores, se o mercado o aceitar e de como o canal fábrica-consumidor, a imprensa, vai reagir. Só para lembrar, quando o Fiat Tipo 1,6 aportou em terras brasileiras em 1995, muitas críticas, poucos elogios desta imprensa, mas o carro viria a ser um grande sucesso. Então é esperar para ver.
Uma das indagações que sempre se faz em casos como esse, eu inclusive, no que o Mobi difere do carro em que se baseou, o Uno Attractive 1-L. Elas são:
Uno Attractive | Mobi Easy On | |
Câmbio | 3ª 1,520:1 | 3ª 1,444:1 |
Freios | Diant. disco ventilado de Ø 240 mm | Diant. disco de Ø 257 mm |
Suspensão dianteira | Com barra estabilizadora | Sem barra estabilizadora |
Diâmetro mínimo de curva | 9,8 metros | 9,96 metros |
Rodas | 5Jx13 | 5,5Jx14 |
Pneus | 165/70R13 | 175/65R14 |
Peso em ordem de marcha | 955 kg | Easy 907 kg; Easy On 919 kg; Like 933 kg; Like On 946 kg; Way 940 kg; Way On 966 kg |
DIMENSÕES | ||
Comprimento | 3.811 mm | 3.596 mm |
Largura | 1.636 mm | 1.685 mm |
Altura | 1.480 mm | 1.550 mm |
Distância entre eixos | 2.376 mm | 2.305 mm |
Bitolas D/T | 1.430/1.420 mm | 1.394/1.400 mm |
Distância mínima do solo | 165 mm | 156 mm (Way 171 mm) |
Tanque de combustível | 48 litros | 47 litros |
Porta-malas | 280/290 litros | 215/225 litros |
DESEMPENHO | ||
Aceleração 0-100 km/h | 14,7/13,8 s (G/A) | 14,6/13,5 s (G/A) |
Velocidade máxima | 151/153 km/h (G/A) | 153/154 km/h (G/A) |
Ou seja, um Uno reduzido. Inclusive, a distância entre eixos é a mesma do Fiat 500. Intencionalmente um carro citadino como é o 500, mas que, igualmente, encara uma estrada muito bem se não for para levar quatro ocupantes adultos, pois com duas ou três crianças é possível. Ou dois adultos no banco traseiro num percurso pequeno. De fato, eu atrás de mim é definitivamente apertado, os joelhos interferem com o encosto do banco dianteiro. Nesse caso o motorista precisaria se sacrificar um pouco levando o seu banco à frente.
Um dos atrativos do Mobi é a porta de carga de vidro, solução do up! que a Volkswagen não transpôs para o Brasil.
Versões
São seis versões: Easy, Easy On, Like, Like On, Way e Way On.
O Easy custa R$ 31.900 e traz banco traseiro bipartido, para-choque na cor da carroceria, pisca-5, sinalização de freada forte, rodas de 13″ com calotas, comando interno dos retrovisores e parassol para o passageiro. Como opcionais, ar quente e o pacote Funcional, composto de acionamento elétrico dos vidros dianteiros e travas elétricas, limpador/desembaçador do vidro traseiro, e predisposição para rádio.
O Easy On tem preço de R$ 35.800 agrega os itens da Easy e inclui ar-condicionado, direção assistida hidráulica e volante com ajuste de altura, mais rodas de 14 polegadas. A versão não tem opcionais.
O Mobi Like, de R$ 37.900, associa o conteúdo da Easy On a acionamento de vidro e travas elétricas, predisposição de rádio, computador de bordo, chave telecomando, console central longo com porta-copos para os passageiros do banco traseiro, limpador/desembaçador do vidro traseiro, ajusta de ancoragem dos cintos dianteiros, maçanetas e retrovisores externos na cor da carroceria, grande dianteira pintada em preto brilhante, comando interno da portinhola do bocal de reabastecimento de combustível e da porta de carga, revestimento do porta-malas e caixa removível (Cargo Box) deste compartimento. Opcionais, dois sistemas de áudio, rádio B7 e Fiat Live On, ambos acompanhados de alarme e comandos no volante.
O Mobi Like On custa R$ 42.300 e acresce à Like rodas de alumínio de 14 polegadas, faróis de neblina, ajuste de altura do banco do motorista, ajusta elétrico dos retrovisores externos com orientação para baixo ao engatar ré no direito e repetidoras de seta, kit Comfort que reúne apoio de pé esquerdo, porta-óculos no teto ao alcance do motorista e alças de teto, sensores de estacionamento, tecidos diferenciados em duas cores com costuras brancas, alarme e rádio B7 com comandos no volante. A versão também não tem opcionais.
O Mobi Way tem preço sugerido de R$ 39.300, traz todos os itens opcionais do Like, com atenção ao aspecto aventureiro. Há barras longitudinais de teto, para-choque exclusivos e molduras nos arcos dos para-lamas. As rodas são de 14 polegadas e a suspensões são elevadas em 15 mm. Opcionais, os dois sistemas de áudio, o B7 e o Live On, ambos associados a comandos no volante e alarme.
O Mobi Way On, por R$ 43.800, reúne o visual mais robusto do Way e o conteúdo do Like On, mais rodas de alumínio de 14 polegadas e console de teto com porta-objetos e espelho adicional.
O celular é a central multimídia do carro
O Fiat Mobi inaugura um conceito em conectividade, aproveitando ao máximo o smartphone do motorista com sistemas Android ou iOS.
Com o Live On, o celular é fixado no meio do painel (mas o aparelho também pode ficar em algum porta-objetos ou bolsa, por exemplo), e se torna o display do carro. A integração é feita por meio de um aplicativo específico, com interface prática e ágil.
O objetivo é controlar com facilidade – por uma tela inicial própria, com atalhos, e por meio dos comandos no volante – o rádio e outros recursos do celular, como navegação, músicas e estações de rádio pela internet.
Na metade superior da tela inicial, o Live On apresenta hora, data e temperatura externa. Logo abaixo ficam as informações do Eco Drive, uma função própria do sistema, assim como o Car Parking.
– Eco Drive Live – Recurso que analisa como o motorista está dirigindo em termos de economia. Quanto menos combustível for consumido, mais eficiente é a condução.
– Car Parking – Aplicativo que ajuda a lembrar onde o carro foi estacionado, além de informar sobre restrições de trânsito, como o rodízio de placas paulistano.
Acessórios Mopar
É possível equipar o Mobi com os acessórios Mopar disponíveis na rede de concessionárias Fiat, são mais de 40 itens. Entre eles, espelho retrovisor com câmera de ré, alarme, central multimídia, protetor solar de para-brisa, porta-óculos, sapatas de pedais de alumínio, bagageiro de teto tubular, rede elástica para porta-malas, par de bolsas expansíveis, kit malas, capa de tecido toalha para bancos, capa para transporte de animais, e cinta para prancha de surfe, entre outros.
Andando com o Mobi
Dirigi um Like On ontem e me agradou muito. Mesmo não sendo o mais leve (de 907 kg), os 946 kg ainda são 9 kg menos que o Uno Attractive 1,0. Gostei particularmente do motor, que mesmo sendo “datado” como muitos gostam de pejorativamente chamar, tem qualidades indiscutíveis de suavidade de funcionamento e com a melhoria contínua que resultou no Fire Evo, mostra-se com boa elasticidade e segue contente até até ao corte a 6.750 rpm, aliás 500 rpm acima da potência máxima.
O alongamento da terceira, de 1,520:1 para 1.444:1, foi benéfico, agora são 110 km/h a 6.250 rpm, antes seriam 104,5 km/h, e isso deve ter contribuído para a pequena melhora na aceleração 0-100 km/h. O motor não sente o “buraco” maior.
Outra particularidade que agradou o foi a seleção e o engate de marchas, o melhor que vi até agora nessa família de veículo e de câmbio. O toque da alavanca ficou muito agradável. É a tal de melhoria contínua de novo.
O terceiro ponto que logo se percebe é a qualidade da rodagem, de tal ordem que “aplaina” a horrorosa pavimentação de São Paulo com competência, ao mesmo tempo em que mantém respostas e atitudes que se espera do que se pode chamar de um bom carro. Surpreendeu-me a rumorosidade praticamente nula da suspensão.
Mais uma vez, como tenho dito, a mão do engenheiro Claudio Demaria, chefe de engenharia da FCA, se faz notar. Ele eliminou a barra estabilizadora dianteira e conseguiu preservar a boa resistência à rolagem.
O Mobi, com seu entre-eixos de Fiat 500 e menos de 3,6 metros de comprimento, é ágil, fica fácil rodar no trânsito congestionado da capital paulista que não tem mais hora para acontecer. Dentro, portanto, da esperada receita de mobilidade fácil.
A redução das bitolas ajudou na agilidade, mas atrapalhou um pouco do diâmetro mínimo de curva, mas que mesmo assim continua inferior a 10 metros. Elogiável também a assistência hidráulica da direção, em condição alguma se mostra excessiva ou faltante. Até parece ter assistência elétrica.
Chamou-me atenção também a modulação do freio. Os discos deixaram de ser ventilados, mas seu diâmetro passou de 240 mm para 257 mm. Seria melhor se fossem ventilados, é claro, mas aumentou a potência de frenagem e há vantagem de menor peso não suspenso nas rodas dianteiras, o que sempre ajuda a suspensão. Fading, a observar no teste “no uso”. E o punta-tacco é “telepático”.
Reclamar mesmo só do conta-giros de quadrante, como o do Uno, cujo ponteiro se movimenta em sentido contrário ao do velocímetro (e do motor!), contrabalançado por não ter sido esquecida a faixa degradê no para-brisa. Mas haverá quem reclame do sistema de partida a frio a gasolina, embora a atual gasolina de 50 partes por milhão atual tenha acabado com a “gosmeira” de antes, o horroroso amarelado que se formava em pouco tempo.
O Mobi passa impressão de construção sólida e bem-executada, inclusive a pintura de novo padrão o qual que me dou a liberdade de cunhar “Taubaté”, alusivo à fábrica onde o up! é fabricado.
Tem bons ingredientes para fazer sucesso.
BS