A Renault informou nesta sexta-feira (13) num lacônico comunicado que o Kwid será fabricado no Brasil. O pequeno carro foi lançado na Índia há exato um ano e tem todo o visual de um suve, mesmo tendo dimensões parecidas com as do VW up!: comprimento de 3.679 mm (up!, 3.605 mm), largura 1.579 mm (1.645 mm), altura 1.478 mm (1.504 mm) e entre-eixos de 2.422 mm (2.421 mm). O porta-malas aloja 300 litros de bagagem (1.115 litros com encosto do banco rebatido) versus 285 litros do VW cujo desenho é de um hatchback normal. É ligeiramente maior que o Renault Twingo atual, que tem motor transversal traseiro. É muito leve, pesa apenas 660 kg em ordem de marcha (take up! 4-portas, 910 kg).
Acelera de 0 a 100 km/h em 16 segundos e atinge 135 km/h, segundo a fabricante. O diâmetro mínimo de curva é 9,8 metros; freios, disco/tambor.
O Kwid é fabricado em Chennai, na Índia e tem como objetivo principal e grande atrativo o baixo preço (versões e preços adiante).
Nota: Depois de publicada esta matéria sobre a decisão da Renault em produzir o Kwid no Brasil, saíram nesta data (17/5) notícias sobre mau desempenho do modelo nos testes de impacto efetuados pelo Global NCPAP. A respeito desse fato diz a fabricante que ” O Renault Kwid fabricado no Brasil é desenvolvido pela Renault Technology America (RTA) e atenderá à legislação brasileira em termos de segurança, trazendo de série equipamentos como ABS e airbags. A estratégia da Renault prevê a utilização de uma plataforma mundial em seus modelos, mas com desenvolvimento específico para cada mercado.”
O motor é um tricilíndrico SCe (Smart Control Efficieny engine) de 800 cm³ (69 x 71,2 mm), duplo comando de válvulas, 4-válvulas por cilindro, injeção no duto, taxa de compressão 10,5:1, 54 cv a 5.700 rpm e 7,3 m·kgf a 4.400 rpm, acoplado a transeixo dianteiro transversal de cinco marchas. Com essa potência, são 12,2 kg/cv.
Aqui a lógica diz que será empregado o motor HR10 1-litro d0 March/Versa, 3 cilindros, 77 cv a 6.200 rpm e 10 m·kgf a 4.000 rpm, independente de se com gasolina ou álcool. Lógica por não haver vantagem fiscal (mesmo IPI) e também por ser motor fabricado no Brasil pela aliada Nissan. E também, claro, pelo motor 0,8-L estar muito aquém da expectativa atual de desempenho do consumidor brasileiro.
O câmbio é manual de cinco marchas e as suspensões seguem o “rito” McPherson/eixo de torção. Como no novo Twingo e nos Renault que foram fabricados no Brasil, a fixação de rodas é por três parafusos. Seu consumo de gasolina é de 22,9 km/l cidade e 25,2 km/,l estrada, e constitui um grande atrativo no mercado indiano. Todos têm repetidoras de setas nos arcos dos para-lamas dianteiros e é torcer para que a Renault daqui resista à tentação de eliminá-las.
As vendas do Kwid na Índia começaram em setembro e acumularam 25.000 pedidos em duas semanas, 50 mil em cinco semanas e 70 mil em dois meses.
A distância mínima do solo do Kwid é 180 mm, significando que não precisará ser “tropicalizado” para enfrentar o maldito piso brasileiro de lombadas e valetas, a não ser a adoção de amortecedores dianteiros com batente hidráulico para eliminar pancadas ao “desescalar” de uma lombada; os pneus são 155/80R13.
Mas a Renault terá que “descascar um abacaxi” aqui: o tanque de combustível do Kwid é de apenas 28 litros. A Volkswagen enfrentou o mesmo problema com o up!, cujo tanque originalmente é de 35 litros e aqui passou a 50 litros devido à “brasilidade” do álcool. Mantido o tanque de 28 litros no Kwid brasileiro, digamos que rodasse 20 km/l com gasolina em estrada, sua autonomia seria de 560 quilômetros, bastante adequada. Com álcool, numa base de 14 km/l não daria para ir muito longe, cerca de 400 quilômetros no máximo.
Versões
O Kwid é oferecido na Índia em quatro versões, todas de quatro portas:
Standard – para-choques e rodas de aço pretas, defletor de teto integrado, estepe totalmente operacional, painel de instrumentos em cor única, quadro de instrumentos digital, estofamento cinza, aquecedor (não tem ar-condicionado), vidros esverdeados, indicador de troca de marcha, comando interno da porta de carga, garantia de dois anos contra corrosão.
Preço – R$ 13.729 (equivalentes, câmbio do Banco Central de ontem), posto Nova Deli.
RXE – rodas de aço em prata, acabamento do painel em prata cetim, ar-condicionado com aquecedor, encosto do banco traseiro rebatível, porta-luvas inferior com tampa, para-sol para o passageiro, imobilizador de motor, pacote de mídia opcional com rádio estéreo, MP3, Bluetooth, USB, Aux-in, dois alto-falantes e tomada 12 V.
Preço – R$ 15.615
RXL – direção assistida elétrica, luz de cortesia automática, para-choques na cor da carroceria, calotas multirraio, espelho externo direito (esquerdo na Índia), aplique preto piano no volante, acabamento prata cetim em torno dos difusores de ar, bancos dianteiros mais envolventes, pacote de mídia do RXE de série.
Preço – R$ 16.925
RXT – painel em duas cores, bolsa inflável para o motorista (opcional), acabamento preto piano no console central, botões de controle da climatização cromados, acionamento elétrico dos vidros dianteiros, pacote MediaNav com navegador e infotenimento via tela tátil, computador de bordo, comando de travamento central de portas a distância, faróis de neblina e limpador de para-brisa intermitente com lavador.
Preço – R$ 18.706, com bolsa inflável R$ 19.230
O VW up!, por ser lançado na Índia no mês que vem, tem preço previsto de R$ 18.340.
Mesmo com o breve comunicado da Renault brasileira, algumas fontes informam que o lançamento será ainda este ano, no Salão do Automóvel, em novembro, com vendas começando no primeiro trimestre de 2017. Especula-se que o Kwid venha a “matar” o Clio, mas é pouco provável, os dois deverão conviver por algum tempo.
Aguardemos a novidade da Renault.
BS
(Atualizado em 17/05/16 com informação relevante da Renault sobre a segurança do Kwid nos acidentes)