Sei que é um título estranho, talvez o mais esquisito que já dei a uma matéria, mas reflete exatamente o que senti e vi ao ficar usando o Gol 1,6 Highline 2017 durante uma semana. Até a bela cor metálica azul Lagoon, um opcional de R$ 1.378, parece fazer parte do elixir. Sim, elixir porque o modelo foi lançado em julho de 2008, faz tempo portanto, em especial em meio a tanta novidade lançada, especialmente nos últimos quatro anos.
Usando-o por aí, na cidade e na estrada num raio de 100 quilômetros da capital paulista, em absoluto parece um carro com oito anos de história. Passa a impressão de ter sido fabricado com o esmero de um europeu premium. Tudo que se olha e toca é bem-feito, dá prazer de se estar dentro parado ou rodando. A revitalização interna, especialmente do painel, caiu-lhe muito bem.
Esse Gol da foto custa, básico, R$ 54.770, mas dotá-lo de todos os opcionais importa em pagar mais R$ 6.707, ficando tudo por R$ 61.477.
Mas o maior efeito do elixir da juventude está naquilo que muitos torcem o nariz, até eu quando do lançamento da linha 2017 dele e do Voyage em fevereiro: o “velho” motor EA111. Àquela altura eu “chiei” com o pessoal de imprensa e engenharia da VW por não reservarem pelo menos para o topo Highline o bem mais moderno EA211 1,6 MSI, de características marcantes como bloco e cabeçote de alumínio, duplo comando de válvulas com variador de fase na admissão, de 110/120 cv a 5.750 rpm e 15,8/16,8 m·kgf a 4.000 rpm, dispensa de gasolina nas partidas a frio tendo álcool no tanque, enfim, um grande elenco de novidades.
Não, lá permanecia o EA111 de 101/104 cv a apenas 5.250 rpm e 15,4/15,6 m·kgf a 2.500 rpm, bloco de ferro fundido, nada variador de fase mesmo que fosse monocomando de válvulas. Nada que empolgasse. Engano total meu.
Esse EA111, no seu atual estágio de evolução, é daqueles motores que me fazem sorrir a cada saída com o carro. Tem — ou está — com uma pegada de baixa notável. A partir de 1.500 rpm já empurra (ou puxa, a tração é dianteira) de maneira convincente. Ali vai, 2.500, 3.000, 3.500 rpm, rápido, em qualquer marcha. Mas quando aquele ponteiro vermelho do instrumento da esquerda fica “de pé”, posição correspondente a 4.000 rpm, vem um berro, um clamor, um aumento forte de aceleração sentida no corpo, e o ponteiro vermelho vai a 6.500 rpm de uma vez só, quando a borboleta de aceleração se fecha o bastante para o giro parar por aí. Nada menos que 1.250 rpm acima da rotação de potência máxima! E estava com gasolina, menos potência do que com álcool.
E sossegado, nesse giro do corte a velocidade média do pistão é apenas 18,8 m/s. Vibração, nada por toda a faixa; aspereza, nenhuma. É evidente que o motor passou por melhorias & evoluções naturais de todo o motor na sua vida em produção, embora nada especificamente o explique, nenhuma informação a respeito.
Pode parecer uma bobagem, mas a cada cravada de pé no fundo para saborear esse momento, escutar e sentir a batida seca do pedal do acelerador no seu batente definido, sólido, um dos DNAs da marca, dá um enorme prazer — “tec”, e lá vai o ponteiro vermelho célere rumo ao corte.
Mas todas essas agradáveis sensações não se resumem ao “coração”, estendem-se ao “corpo”. Monobloco rígido, acerto de suspensão irretocável em função e rumorosidade, direção assistida hidráulica (“coisa velha”) de 14,9:1 imexível e freio modulável pelo cérebro, não pelo pé direito. Pneus, 195/50R16V Pirelli P7 em belas rodas de 6″ de tala, fazem parte do show.
Que continua — nem precisaria falar — no câmbio MQ200 com comando primoroso e cálculo de seleção e engate seguramente feito por um autoentusiasta. Com esse jeito e com uma carga do pedal de embreagem das mais baixas, com uma progressividade de acoplamento ideal, pode-se ficar três horas num anda e para infernal que não faz a menor diferença. Câmbio automático diante disso que falei? Supérfluo. Mas quem fizer questão de só acelerar e frear pode pedir o câmbio robotizado I-Motion pagando R$ 3.300 mais.
Zero a 100 km/h em 10,1/9,8 segundos, 80 a 120 km/h, em 5ª, em 13,2/13 segundos e 186/188 km/h de velocidade máxima mostram o que esse conjunto motriz “velho” é capaz de fazer. Isso com dotes aerodinâmicos nada especiais — Cx 0,345, área frontal 2,01 m², área frontal corrigida (Cx x A) de 0,693 m².
Consumo, nada especial, tampouco ruim: 11/13,1 km/l com gasolina e 7,6/9,2 km/l com álcool, nota B no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular. Mas ninguém ficará mais pobre por isso.
A v/1000 em 5ª é boa, 36,5 km/h, deixa o motor quieto o suficiente, 3.290 rpm a 120 km/h reais. A velocidade máxima é em 5ª mesmo, a 5.100 rpm, 150 rpm abaixo do pico. Mas deve ir em 4ª também, porém a 6.400 rpm (29,2 km/h/1.000 rpm). O casamento motor-câmbio está mesmo muito bom.
É mesmo notável a característica desse EA111 — queimei a minha língua ao reclamar de não terem aplicado o EA211 no Gol Highline.
Diante de toda essa excelência mecânica, o Gol Highline mereceria luz traseira de neblina (só tem faróis) e a eternamente reclamada (por mim) faixa degradê no para-brisa.
A dotação de itens de série e opcionais é adequada (veja lista no final, após a ficha técnica), o espaço no banco traseiro não é dos maiores mas é razoável (passa bem no “eu atrás de mim”) e o ambiente interno é agradável, especialmente pelo tom cinza-claro dos revestimentos e carpete dominantes.
Acho que o leitor vai entender essa história de “elixir da juventude”.
BS
FICHA TÉCNICA VW NOVO GOL 1,6 HIGHLINE 2017 | |
MOTOR | |
Instalação | Dianteiro, transversal |
Material do bloco/cabeçote | Ferro fundido/alumínio |
Configuração / n° de cilindros | Em linha / 4 |
Diâmetro x curso | 76,5 x 86,9 mm |
Cilindrada | 1.598 cm³ |
Taxa de compressão | 12,1:1 |
Potência máxima | 101 cv (G), 104 cv (A) a 5.250 rpm |
Torque máximo | 15,4 m·kgf (G), 15,6 m·kgf (G) a 2.500 rpm |
N° de válvulas por cilindro | Duas, atuação indireta por alavanca-dedo roletada, fulcum com compensador hidráulico |
N° de comandos de válvulas / localização | Um, correia dentada / cabeçote |
Formação de mistura | Injeção eletrônica no duto |
Combustível | Gasolina comum e/ou álcool (flex) |
TRANSMISSÃO | |
Rodas motrizes / câmbio | Dianteiras / manual |
Número de marchas | 5 à frente + ré |
Relações de transmissão | 1ª 3,455:1; 2ª 1,954:1; 3ª 1,281:1; 4ª 0,927:1; 5ª 0,740:1; ré 3,182:1 |
Relação do diferencial | 4,188:1 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora de Ø 20 mm |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, assistência hidráulica |
Diâmetro mín. de curva | 10,8 m |
Relação de direção | 14,9:1 |
N° de voltas entre batentes | 3 |
FREIOS | |
De serviço | Hidráulico, duplo-circuito em diagonal, servoassistido, EBD |
Dianteiros | Disco ventilado de Ø 256 mm |
Traseiros | Tambor de Ø 200 mm |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Alumínio 6Jx16 |
Pneus | 195/50R16V – estepe 195/55R15H temporário |
PESOS | |
Em ordem de marcha | 1.028 kg |
Peso bruto total | 1.450 kg |
Carga máxima | 422 kg |
Rebocável | 400 kg com/sem freio |
CONSTRUÇÃO | |
Tipo | Monobloco em aço, hatchback 4-portas, 5 lugares, subchassi dianteiro |
AERODINÂMICA | |
Coeficiente de arrasto | 0,345 |
Área frontal | 2,01 m² |
Área frontal corrigida | 0,693 m² |
DIMENSÕES EXTERNAS | |
Comprimento | 3.897 mm |
Largura sem/com espelhos/com repetidoras | 1.656 / 1.893 / 1.898 mm |
Altura | 1.469 mm |
Distância entre eixos | 2.466 mm |
Bitola dianteira/traseira | 1.429/1.416 mm |
CAPACIDADES | |
Porta-malas | 285 L |
Tanque de combustível | 55 L |
Reservatório de gasolina part. a frio | 0,8 L |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h | 10,1 s (G) e 9,8 s (A) |
Aceleração 0-1.000 m | 31,7 s (G) e 31,5 s (A) |
Retomada 80-120 km/h, 5ª | 13,2 s (G) e 13 s (A) |
Velocidade máxima | 186 km/h (G), 188 km/h (A) |
CONSUMO INMETRO/PBEV | |
Cidade | 11 km/l (G) e 7,6 km/l (A) |
Estrada | 13,1 km/l (G) e 9,2 km/l (A) |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 5ª | 36,5 km/h |
Rotação em 5ª a 120 km/h | 3.290 rpm |
Rotação em vel. máxima, 5ª | 5.100 rpm |
EQUIPAMENTOS NOVO GOL 1,6 HIGHLINE 2017 |
DE SÉRIE |
Acionamento elétrico dos vidros |
Ajuste de altura do banco do motorista |
Ajuste de altura dos cintos dianteiros |
Ajuste de altura e distância do volante de direção |
Ajuste elétrico dos espelhos externos com orientação para baixo no direito ao engatar ré |
Alarme com controle remoto |
Alças de teto |
Alerta de frenagem de emergência |
Alerta sonoro e visual de cinto do motorista desatado |
Alto-falantes (6) e tweeters (2) |
Antena de teto traseira |
Apoio de cabeça no banco traseiro (3) |
Ar-condicionado com filtro de poeira e pólen |
Banco traseiro com encosto rebatível |
Chave tipo canivete com controle remoto |
Cintos dianteiros com pré-tensionador e limitador de carga |
Cintos traseiros laterais 3-pontos e central subabdominal |
Console central com porta-copos |
Desembaçador do vidro traseiro |
Espelho externos e maçanetas na cor do veículo |
Faróis de neblina |
Iluminação no porta-malas |
I-System com Eco-Comfort – computador de bordo |
Lavador e limpador do vidro traseiro |
Par luzes de leitura dianteiras e traseiras |
Parassóis com espelho e iluminação |
Pneus 195/55R15 |
Porta de carga com abertura elétrica |
Porta-revistas nos encostos dos bancos dianteiros |
Repetidoras de setas nos espelhos |
Retrorrefletores no para-choque traseiro |
Revestimento dos bancos em tecido |
Rodas de alumínio 15″ “Marga” |
Sapatas de pedais de desenho esportivo |
Sensor de obstáculos traseiro |
Sistema de infotenimento Composition Media com MirrorLink |
Tampão do compartimento de carga removível |
Tapetes em carpete |
Tomada 12 V no console central |
Travamento de portas elétrico |
Volante multifuncional revestido de couro comandos de áudio e do I-System |
OPCIONAIS |
Conjunto Highline completo consistindo de controle automático de velocidade de cruzeiro, encosto do banco traseiro bipartido, espelho interno fotocrômico, faróis com função de aproximação e afastamento do veículo, pneus 195/50R16, revestimento dos bancos em couro sintético “Native”, rodas de alumínio 16″ “Varvito”, sensores de chuva e crepuscular – R$ 3.418,00 |
Suporte para celular – R$ 342,00 |
Conjunto Modulo Navegação consistindo de sistema de infotenimento “Discover Media” com tela tátil, Bluetooth, comando de voz, navegação e App-Connect, suporte para celular – R$ 1.911,00 |