Milton Leite quer “megacondomínio” no autódromo. Pista atual poderá desaparecer. Processo não é transparente.
O futuro do Autódromo de Interlagos ganhou cores mais pesadas e trágicas na tarde de ontem (terça, 21 de novembro) após o vereador Milton Leite declarar que pretende transformar a área do parque em “um megacondomínio” e ocupar o local com “cem mil pessoas”. Leite declarou que é favorável à venda pura e simples do autódromo, segundo ele um local que “dá prejuízo anual de R$ 200 milhões ao município, dinheiro que eu pago”. Os rompantes de desinformação emitidos pelo político filiado ao partido Democratas acerca do autódromo paulistano não pararam por aí: para ele a população da área não utiliza o local que só gera empregos alguns dias por ano, algo distante da realidade de quem frequenta o parque.
A privatização do autódromo, junto com o estádio do Pacaembu e do Parque Anhembi, fez parte da plataforma eleitoral do então candidato a prefeito João Dória Júnior. Desde que assumiu o poder Dória tenta concretizar esses planos de maneira pouco clara e nada condizente com sua pregação de “gestão transparente”. As declarações de Milton Leite na tarde de ontem acentuaram essa prática de dissimular os reais objetivos do prefeito que em um momento fala em desestatização, em outro de privatização. Desde ontem, nas palavras do vereador, passou a incluir a possibilidade da venda pura e simples do terreno do autódromo para transforma-lo em um “megacondomínio”, mesmo local que João Dória considera adequado para a realização de shows e concertos de grandes proporções e para onde tentou levar, sem sucesso, a manifestação “Virada Cultural”.
Em nome de um projeto que pretende adensar em oito vezes o índice de ocupação habitacional recomendado para uma área de manancial, a gestão de João Dória Jr. e os objetivos de Milton Leite simplesmente não enxergam o valor histórico e a importância de Interlagos para o Brasil. Interlagos não deve ser crucificado em nome de empreendimentos imobiliários tal qual ocorreu com o aeroporto de Congonhas – construído em lugar ermo e hoje um bairro superpovoado pela ignorância às leis de urbanização. Situado em área nobre, o estádio do Pacaembu segue incluído no plano de privatização mas por motivos vários é menos citado no contexto atual desse processo.
Nunca é demais lembrar que o vereador Milton Leite, confesso amante do samba, defende a privatização do Parque Anhembi, mas defende que a estrutura permaneça inalterada para permitir sua utilização para a atividade à qual foi projetado e construído. Já Interlagos pode ser vendido sem qualquer garantia de que o circuito atual seja preservado e que, para ser usado em competições nacionais e regionais e megashows são cobradas taxas que superam os custos de sua manutenção. Um caso que se encaixa no ditado “o pior cego é aquele que não quer ver”.
Confira as declarações do vereador Milton Leite neste vídeo. Se você é contra ou a favor do que ele propõe expresse sua opinião diretamente ao político através dos seguintes canais de comunicação:
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