Posso estar enganado, mas a impressão que me dá é que policiamento de trânsito hoje se resume a fiscalizar velocidade com equipamento eletrônico, seja fixo ou portátil, tanto permanentemente quanto nas alardeadas “operações” como a deste feriado prolongado de Sete de Setembro. Faz muito tempo — anos ou mesmo décadas — que não vejo policiais em automóveis e utilitários ou motocicletas simplesmente patrulhando o trânsito, olhando o que está acontecendo nas ruas e estradas, em especial o comportamento dos motoristas.
Nada como um carro da polícia rodoviária em meio aos demais veículos em missão de patrulhamento, ao mesmo tempo agindo como carro moderador apenas com sua presença. Nesse processo, observar como os motoristas estão se comportando. O mesmo efeito se daria nas cidades mediante o mesmo procedimento. O efeito benéfico dessa rotina é indiscutível, trânsito o mais próximo possível do ordeiro com o efeito colateral de ser mais seguro.
Outro benefício do patrulhamento rodoviário permanente é o o policial constatar algum problema na estrada como um buraco novo, sinalização danificada ou faltante, e outras irregularidades, e avisar prontamente os órgãos rodoviários para providenciar a correção o mais rápido possível.
Tudo o que eu disse até aqui é utopia, sonho? Não, já foi assim. principalmente nas estradas.
Esse patrulhamento de carros de polícia circulando em vez de estacionados nos postos da polícia rodoviária parou quando o governo central impôs medidas de restrição de consumo de combustíveis em 1976, que incluíram os carros de polícia, lembre-me bem disso.. Foram medidas tomadas em razão de crise do petróleo de 1973. Só que a crise de ouro negro acabou, veio outra em 1979, foi superada, e o fato é que o antigo patrulhamento nunca mais voltou. Foi substituído pelas “operações”…
É comum na cidade ver carros da polícia militar estacionados. Pouco ou de nada adianta ficarem ali parados. Rodando permanentemente prestam um serviço incomparavelmente maior. Aquilo que via nos filmes americanos, “Atenção todos todos os carros” tem total razão de ser, os carros dispõem de radiocomunicação e se dirigem ao local indicado pela central.
Hodiernamente temos esse sistema nos serviços de aplicativos como o Uber, o motorista recebe um pedido de transporte enquanto está rodando e aceita.
Um policial rodando no trânsito é capaz de detectar um motorista embriagado pelo comportamento na condução do seu carro. As famigeradas blitze da “Lei Seca” que ocasionam congestionamentos se tornariam desnecessárias
A vantagem da polícia motorizada nas ruas é o motorista saber que pode flagrado cometendo uma infração, constituindo um eficaz desestímulo para cometê-la. Ou ver um semáforo apagado, postar-se no local e orientar o tráfego até que uma equipe técnica chegue ao local. Quantos acidentes seriam evitados com esta pronta ação!
Trânsito é assunto cada vez mais complicado, mas nem de longe se resolve só fiscalizando velocidade. É preciso muito mais do que isso.
BS
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