O renomado designer Frank Stephenson, em recente entrevista para a revista inglesa Car, afirmou que o esboço no desenho de carros deve voltar a ser feito com lápis e papel, em vez de diretamente no Photoshop, AutoCAD ou IA. Para ele, os melhores desenhos de carros foram esboçados primeiro no papel e que a tecnologia da informação deve ser usada para facilitar o processo, mas nunca para criar o projeto de desenho de um automóvel.
Stephenson. de 64 anos, nascido no Marrocos mas cidadão americano, fala com conhecimento de causa, afinal ele é responsável por uma obra bem eclética, que vai da nova geração do MINI, lançada em 2000, do novo Fiat 500, Ferrari F430 e McLaren P1, entre outros. Ele teme que o desenho à mão seja uma arte perdida e quer revivê-la. Para isso, ele está oferecendo um curso online: ‘Learn to Sketch With Frank’ (Aprenda a esboças com Frank), pelo Royal College of Art em Battersea, Londres.
Frank acredita que os designers modernos ficaram dependentes demais dos computadores. E que isso afeta a criatividade. Frequentemente, o trabalho também é apressado, na medida que o tempo de desenvolvimento é reduzido por questões financeiras. Por isso, poucos carros novos satisfazem os critérios de Frank no que ele considera excelência em design e, para ele, o esboço no papel ainda é muito importante no início de um projeto.
A falta de imaginação, bem como a ausência de desejo, no design moderno de veículos elétricos é especialmente decepcionante para Frank. Na sua opinião, o último VEB verdadeiramente “diferente” — com posição da cabine avançada para libertar espaço para os passageiros — foi o Jaguar i-Pace, lançado em 2018. E o desenho do i-Pace começou com um lápis e papel, segundo seu designer, Ian Callum: “Adoro a espontaneidade no desenho”.
Além do mais, segundo Frank, se os designers de automóveis pudessem desenhar melhor, os carros teriam uma aparência mais atraente. O fluxo criativo da mente para o meio é menos limitado com lápis e papel do que com um computador: “É algo mais humano e inventivo. Usando o lápis e papel, você fica menos inibido. E estará expressando seus pensamentos íntimos da forma mais pura”, detalha o designer.
Frank pretende que o esboço seja mais importante no processo de design no início do projeto, quando a criatividade realmente importa. Afinal, os carros mais bonitos e inovadores do mundo foram todos desenhados no papel. “Sei que sou um dinossauro”, admite. “Mas o Dino Ferrari foi desenhado por Leonardo Fioravanti com lápis e papel. Gandini não usou Photoshop ao projetar o Miura e Issigonis desenhou o Mini original com um lápis’
Frank também lembra que mesmo no mundo de alta tecnologia da Fórmula 1, a prancheta ainda tem o seu lugar. Adrian Newey, o principal designer de F-1 da era moderna, usa lápis e papel ao iniciar o processo de design de seus Red Bulls vencedores. Tudo isso, mostra que um grande designer é muito mais importante do que qualquer programa de software de design ou mesmo a atualmente tão propalada Inteligência Artificial (IA).
“A arte de desenhar é uma bela habilidade e ferramenta que pode abrir nossas mentes e estimular nossa criatividade. Desenhar incentiva a espontaneidade de nossos pensamentos e ideias e nos ajuda a ser pensadores livres. O desenho à mão possui a poderosa capacidade de realçar o caráter e a personalidade únicos da pessoa que está aprendendo a esboçar.”
Frank Stephenson
RM