Fiquei uma semana com o BYD Dolphin Mini e logo notei ser um carro muito bem engenheirado, o que sempre agrada. É um carro elétrico a bateria com suas características de rodagem peculiares, como facilidade para ganhar velocidade com disposição a partir de imobilidade e muito fácil de dirigir. Aí entra o veículo como um todo. desde suas dimensões, como o comprimento de apenas 3.780 mm, às qualidades de direção, suspensão e freios, sem contar o interior dos mais agradáveis. para os quatro ocupantes — sim, são apenas quatro lugares, como no Renault Kwid E-Tech elétrico.
Seu peso é baixo, levando em conta ser elétrico, 1.239 kg, cujas baterias sempre pesam muito, Com o motor de 75 cv sua relação peso-potência é 16,5 kg/cv. Com peso de 966 kg e mesma potência do motor 1-L com álcool, no Fiat Mobi são 12,9 kg. Mas não se engane pela relação peso-potência desfavorável deste BYD. O torque do motor elétrico é 13,8 m·kgf contra 9,9 m·kgf do Mobi.
O leitor do AE é informado há anos que é a potência e não o torque que determina desempenho. É o que ocorre no Dolphin Mini: seu torque é produzido já na primeira rotação do rotor do motor elétrico. Com isso a potência nas baixíssimas rotações é elevada, o que resulta na citada facilidade de ganhar velocidade rapidamente ao arrancar — um ponto alto deste Dolphin e de todo carro elétrico.
O BYD Dolphin Mini tem preço público sugerido de R$ 115.800.
Usabilidade
Além do citado comprimento (3.780 mm), o Dolphin Mini mede 1.715 mm de largura (carroceria somente), 1.568 mm de altura e o entre-eixos é de 2.500 mm, dimensões que indicam bom espaço para adultos mesmo no banco traseiro inteiriço. Mas o porta-malas é pequeno, apenas 230 litros (o padrão de medição não é informado), extensível para 930 litros com o encosto do banco traseiro rebatido.
As portas são destravadas por botão nas maçanetas das dianteiras ou por controle remoto na chave, uma comodidade no uso diário. Acesso rápido hoje, mais do que comodidade, é questão de segurança.
Dirigi-lo é bem simples. Como chave é presencial, mesmo no bolso ou bolsa o motor pode ser energizado mediante toque no botão Start/Stop no painel junto à coluna de direção. Com isso a iluminação do pequeno quadro de instrumentos liga-se. Depois basta selecionar o movimento por uma tecla bem à mão no painel — R-N-D — e mais nada. Basta acelerar que o freio de estacionamento eletromecânico solta e o movimento se inicia.
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Ao estacionar, pressiona-se o botão P (de Parking, estacionamento) na lateral esquerda do alojamento da tecla de marchas e depois desenergiza-se o motor; a iluminação do quadro de instrumentos desliga-se.
O “reabastecimento” consiste em encaixar o plugue do carregador numa das tomada de carga no para-lama dianteiro direito protegidas por portinhola. As tomadas são Tipo 2 para corrente alternada (AC) de 6,6 kW e CCS2 para corrente contínua (DC) de 40 kW. A fabricante informa 10% a 80% de carga em 30 minutos com corrente contínua.
O resto é usar o carro como qualquer outro.
Assista ao breve vídeo (6min10s) com, o Gerson, e depois eu, dirigindo-o em São Paulo:
A dinâmica
A não ser pela suspensão mais amarrada do que eu gostaria, o Dolphin Mini tem comportamento de acordo com a sua finalidade. É rápido de curva, com tendência a sair de frente com discrição, os pneus 175/55 R16H dando seu aviso no momento certo. A bateria sob o assoalho tem o conhecido efeito benéfico do centro de gravidade baixo.
Ponto realmente alto sua direção eletroassistida com uma definição de centro que mais parece uma direção sem nenhuma assistência, algo que eu ainda não tinha visto em carro algum, Na reta, dá-se um toque mínimo do volante de 370 mm de diâmetro (sem deslocamento lateral) e a direção volta prontamente para reto em frente. A relação de direção não é informada, mas é baixa (rápida) e as 2,9 voltas entre batentes deve-se ao grande esterço das rodas, de tal ordem que o diâmetro mínimo de curva é de 9,9 metros, bom para o entre-eixos de 2.500 mm. Ótima manobrabilidade.
A indexação da assistência elétrica à velocidade é precisa ao ponto de não se notar degraus à medida que a velocidade aumenta. Numa comparação aproximada, é como a direção de carros de motor e câmbio traseiro como o Fusca — leve em velocidades de manobra e com peso certo na estrada.
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Os freios a disco nas quatro rodas desaceleram o carro de acordo com o que se espera (e precisa), com modulação perfeita.
A usabilidade é aprimorada no trânsito pelo avanço lento (creeping) ao desaplicar pressão no pedal do acelerador ou,, a escolher, deixar o veículo imobilizado o tempo que se quiser pelo freio de estacionamento aplicado automaticamente. Essa função, não exclusiva do Dolphin Mini, considero-a das mais úteis ao parar diante de uma cabine de pedágio, por exemplo.
Há uma questão de facilidade de uso muito útil nos carros elétricos, em especial no tipo de comando de marcha dos Dolphin por tecla R-N-D (veja foto mais acima). Em caso de atolamento em lama ou areia, para fazer o rocking (deslocar o carro rápidas e repetidas vezes para trás e para frente), basta alternar R-D à vontade, sem levantar o pé do acelerador, pois o que muda é apenas o sentido de rotação do motor elétrico.
Há os já tradicionais modos de condução Sport, Eco e Normal que alteram determinados parâmetros como assistência da direção, resposta do pedal do acelerador e velocidade máxima.
Desempenho
De zero a 60 ou 70 km/h este Mini arranca sorrisos de quem o dirige. Mas no “grande prêmio 0-100 km/h” o sorriso vai embora. Não que 0-100 km/h declarado, 13,8 segundos, indique lerdeza, o problema é o contraste com a aceleração em faixas de velocidades menores. O citado Fiat Mobi é 0,2 s mais lento na comparação, mas nem de longe há o contraste de desempenho do Dolphin Mini. Acima de 100 km/h então, a sensação de falta de potência aumenta.
O certo é que quem usar o carro só na cidade nunca terá essa má experiência. Pelo contrário, terá muita. satisfação.
A velocidade máxima dele é 130 km/h. Em teoria dá para para pegar uma autoestrada de 120 km/h de limite, mas poderá ser difícil “fugir” até de uma carreta das modernas.
O alcance oficial (Inmetro) é de 280 quilômetros. Aqui vale uma crítica minha, o Inmetro quer ser mais realista que o rei. O ciclo WLTP é justo, ao contrário do anterior NEDC. O erro foi, em minha opinião, pegar os números de um ciclo realista como o WLTP e subtrair 30% do alcance.
Registo do computador de bordo: 9,9 kW·h por 100 km que representa alcance de 384 quilômetros (BS)Num dos percursos urbanos e extra-urbanos que fiz, de 50 km, o consumo foi de 9,9 kW·h/100 km. Como a bateria é de 38 kW·h, o alcance seria de 384 quilômetros. E note-se que rodei com ar-condicionado ligado, usei potência máxima algumas vezes em modo Normal e não fiquei “caçando” frenagem regenerativa.
A BYD informa distância mínima do solo 110 mm, mas o carro não raspou em lombadas e valetas. Como achei estranho, fiz uma foto, Visualmente é mais do que 110 mm.
Chamou-me atenção o limpador de para-brisa monobraço pantográfico com área de varredura tal que chega até à coluna esquerda. Em carros de mesmo sistema, como o Toyota Etios, a palheta não varre até o fim e deixa uma incômoda faixa “suja” de cerca de 5 cm.
As luzes de leitura dianteiras, de LED, acendem-se ao tocá-las, bem prático. O acionamento uma-varrida do limpador é movendo a alavanca de comando para baixo, ato instintivo. Não há o incômodo túnel central, o assoalho é plano. O pequeno quadro de instrumentos traz todas as informações necessárias, com exibição permanente da porcentagem de carga da bateria, consumo e alcance.
As linhas do Dolphin Mini, sob responsabilidade do alemão Wolfgang Egger, 61 anos, diretor mundial de desenho da BYD, apostam no estilo Ocean, como no Dolphin, trazem inspiração do mar, Tanto que o nome do modelo nos mercados mundiais é Seagull (gaivota em inglês), nome mudado para nosso mercado pela dificuldade de pronúncia.
Veja, no final, a ficha técnica e a lista de conteúdo do Dolphin Mini.
Concluindo
O Dolphin Mini mostra-se excelente opção para quem busca um hatchback compacto e, ao mesmo tempo, ingressar no mundo da motorização elétrica, sem precisar despender muito para ter um. Em especial, quando a intenção é utilização predominante urbana com a vantagem de reduzir gastos com locomoção no longo prazo e gozar da liberdade de rodar em São Paulo sem se submeter ao nojento rodízio imposto pelo prefeito Celso Pitta em 1997 e vergonhosa e abusivamente mantido pelo seus sucessores.
A única restrição ao modelo, e que não é exclusiva dele, é não ter estepe e, em nível de importância menor, não ter a providencial faixa degradê no para-brisa.
Digo-o não pela propulsão elétrica, mas pelo veículo como um todo, acertado nos grandes e pequenos detalhes, como na foto acima. Tanto que dá para imaginar uma versão do Dolphin Mini com motor a combustão de 1 litro turbo pesando cerca de 300 kg menos — e com estepe.
BS
FICHA TÉCNICA BYD DOLPHIN MINI | |
MOTOR ELÉTRICO | |
Potência máxima (cv) | 75 |
Torque máximo (m·kgf) | 13,8 |
Localização | Dianteira |
TRANSMISSÃO | |
Tração | Dianteira |
Sistema | Direta com redutor |
Relação do redutor (:1) | n.d |
Operação | R-N-D |
BATERIA | |
Tipo | Blade (fosfato de ferro-lítio), localizada no assoalho pelo lado externo e estrutural |
Capacidade (kW·h) | 38 |
Tempo de recarga, 10 a 80% corrente contínua (DC) (minutos) | 30 |
Alcance (km, Inmetro) | 280 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson |
Traseira | Eixo de torção |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira eletroassistida |
Relação de direção (:1)’ | n.d. |
Diâmetro do volantes (mm) | 370 |
Voltas entre batentes | 2,9 |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 9,9 |
FREIOS | |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado / n.d. |
Traseiros (Ø mm) | Disco / n.d. |
Atuação | Hidráulica servoassistida por bomba dedicada, ABS, distribuição eletrônica das forças de frnagem |
Freio de estacionamento | Eletromecânico acionado pelor botão “P” |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Liga de alumínio 5J x 16 |
Pneus | 175/55 R16H (Linglong Green Max EP100) |
Estepe | Não tem; no lugar, kit de reparo e bomba de ar elétrica |
CONSTRUÇÃO | |
Tipo | Monobloco em aço, hatchback, 4 portas, 4 lugares, subchassi dianteiro |
DIMENSÕES EXTERNAS (mm) | |
Comprimento | 3.780 |
Largura sem/com espelhos | 1.715 / n.d. |
Altura | 1.580 |
Entre-eixos | 2.500 |
Bitola dianteira/traseira | 1.500 / 1.500 |
Distância mínima do solo | 110 |
PESOS E CAPACIDADES | |
Peso em ordem de marcha (kg) | 1.239 |
Peso bruto total (kg) | 1.568 |
Carga útil (kg) | 329 |
Porta-malas (L) | 230 (930 com os bacos traseiros rebatidos) |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h (s) | 14,9 |
Velocidade máxima (km/h) | 130 |
REVISÕES | |
Temoo ou quilometragem | 1 no ou 20.000 km |
GARANTIA | |
Veículo | 5 anos ou 500.000 km |
Bateria | 8 anos |
CONTEÚDO DO BYD DOLPHIN MINI |
EXTERIOR |
Espelhos retrovisores com ajuste elétrico com aquecimento e rebatimento manual |
Facho alto automático |
Faróis de LED com ajuste de altura do facho a bordo |
Faróis de neblina |
Lanternas traseiras de LED |
Limpador de para-brisa monobraço pantográfico |
Luz de acompanhamento por faróis e lanternas ligadas após desenergizar o motor por determinado período |
Luz de traseira de neblina |
Luzes de rodagem diurna (DRL) de LED |
Porta de carga com destravamento elétrico |
Rodas de liga de alumínio de 16 polegadas |
Terceira luz de freio de LED |
INTERIOR |
Ajuste elétrico do banco do motorista (6 direções) |
Ajuste manual do banco do passageiro dianteiro (4 direções) |
Bancos revestidos de material premium |
Bolsas porta-revistas no dorso dos encostos dos bancos dianteiros |
Carregador de bateria de telefone celular por indução |
Descansa-braço central dianteiro |
Engates Isofix com pontos de fixação superior para dois bancos infantis |
Espelho interno noite/dia prismático |
Luzes de leitura dianteiras de LED |
Para-sóis com espelho, tampa corrediça e iluminação |
Portas USB dianteiras, duas tipo A e uma Tipo C |
Quadro de instrumentos de 7″ de alta resolução |
Tomada 12 V |
Vidro de motorista com acionamento elétrico um-toque descida/subida |
Vidro traseiro com aquecimento e desembaçador |
Volante multifuncional |
MULTIMÍDIA |
Alto-falantes (4) |
Atualização remota |
Comando por voz |
Conexão de rede 4G |
Espelhamento Android Auto e Apple CarPlay |
Navegador GPS |
Rádio AM e FM |
Sistema de armazenamento de dados em nuvem BYD |
Sistema de cabine inteligente (ICS) com tela flutuante de 10,1″ rotacional |
Sistema de controle de voz inteligente |
Spotify |
NOVA ENERGIA |
Função de descarga AC padrão (veículo para carga/V2L) |
Sistema de reserva de carregamento |
Tomada de carga Corrente Alternada (AC)( Tipo 2 6,6 kW |
Tomada de carga Corrente Contínua (DC) CCS2 40 kW |
SEGURANÇA E CONFORTO |
Ajuste do volante em altura e distância |
Alerta de cintos de segurança desatados (todos) |
Ar-condicionado automático |
Assistente de partida em aclives |
Ativação automática do freio de estacionamento nas paradas no trânsito |
Bolsas infláveis dianteiras, laterais (bancos dianteiros) e de cortina (bancos dianteiros e traseiro) |
Câmera de ré com linhas de trjatória dinâmicas |
Chave presencial |
Cintos de segurança com pré-tensionador e limitador de força |
Controle automático de velocidade de cruzeiro |
Controle de estabilidade e tração |
Desaceleração controlada para freio de estacionamento |
Distribuição eletrônica das forças de frenagem |
Freio de estacionamento eletromecânico |
Freios regenerativos cooperativos inteligentes |
Modos de condução Sport, Eco e Normal |
Monitoramento direto da pressão dos pneus |
Sensores de estacionamento traseiro |